sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Precisamos da arqueologia para ter fé?

O Conceito da Bíblia
Precisamos da arqueologia para ter fé?
Em 1873, o clérigo inglês Samuel Manning escreveu: “Atraídos por um fascínio irresistível, peregrinos das partes mais distantes da Terra afluem a [Jerusalém]. As muralhas estão-se desmoronando, as ruas são esquálidas e sujas, as ruínas se desintegram. Mas nenhum outro lugar no mundo desperta tanto interesse nem é tão reverenciado assim por tantos milhões de pessoas.”
O FASCÍNIO da Terra Santa tem atraído pessoas no mínimo desde a época do imperador romano Constantino.* Por uns 1.500 anos, o local era visitado por peregrinos desejosos de conhecer e reverenciar a Terra Santa. Mas, curiosamente, só no início do século 19 ela despertou o interesse de eruditos, que passaram a fazer visitas expedicionárias, inaugurando assim a era da arqueologia bíblica — o estudo de artefatos, povos, lugares e línguas da Terra Santa nos tempos antigos.
As descobertas arqueológicas nos permitem ter um conhecimento mais amplo sobre os tempos bíblicos. Além disso, seus achados com freqüência têm-se harmonizado com a história da Bíblia. Mas será que esse conhecimento é necessário para a fé cristã? Para responder a essa pergunta, voltemos nossa atenção ao sítio de muitas escavações arqueológicas — a cidade de Jerusalém e seu templo.
‘Não ficará pedra sobre pedra’
Jesus Cristo, acompanhado por alguns discípulos, saiu do templo de Jerusalém pela última vez no dia 11 de nisã do calendário judaico, na primavera (hemisfério norte) de 33 EC. Quando se dirigiam para o monte das Oliveiras, um deles exclamou: “Instrutor, vê que sorte de pedras e que sorte de edifícios!” — Marcos 13:1.
Esses judeus fiéis tinham profundo amor a Deus e ao Seu templo. Orgulhavam-se desse magnífico complexo e dos 15 séculos de tradição por ele representados. A resposta de Jesus foi chocante: “Observas estes grandes edifícios? De modo algum ficará aqui pedra sobre pedra sem ser derrubada.” — Marcos 13:2.
Agora que o prometido Messias havia chegado, como Deus poderia permitir que seu próprio templo fosse destruído? Os discípulos de Jesus só conseguiram entender o pleno significado dessas palavras com o decorrer do tempo e com a ajuda do espírito santo de Deus. Mas o que a declaração de Jesus tem a ver com a arqueologia bíblica?
Uma nova “cidade”
No Pentecostes de 33 EC, a nação judaica perdeu sua posição de favor diante de Deus. (Mateus 21:43) Em resultado disso, ela foi substituída por algo bem superior — um governo celestial que traria bênçãos para toda a humanidade. (Mateus 10:7) Em harmonia com a profecia de Jesus, Jerusalém e seu templo foram destruídos em 70 EC. A arqueologia apóia o registro bíblico da ocorrência de um evento dessa magnitude. No entanto, para os cristãos, a fé não depende de se encontrarem ou não ruínas do antigo templo. Sua fé se baseia em uma outra espécie de cidade chamada Jerusalém.
No ano 96 EC, o apóstolo João, que ouvira a profecia de Jesus sobre a destruição de Jerusalém e do templo e vira o seu cumprimento, recebeu a seguinte visão: “Vi também a cidade santa, a Nova Jerusalém, descendo do céu, da parte de Deus.” Uma voz saída do trono disse: “Ele residirá com [a humanidade] e eles serão os seus povos. E o próprio Deus estará com eles. E enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor.” — Revelação (Apocalipse) 21:2-4.
Essa “cidade” é composta de cristãos fiéis que reinarão com Cristo no céu. Juntos, eles formam o governo celestial — o Reino de Deus — que regerá a Terra, levando a raça humana de volta à perfeição durante o Milênio. (Mateus 6:10; 2 Pedro 3:13) Os cristãos judeus do primeiro século, que fariam parte daquele grupo, compreenderam que nada do que tinham no sistema judaico se comparava ao privilégio de reinar com Cristo no céu.
O apóstolo Paulo, escrevendo a respeito de sua anterior posição de destaque no judaísmo, fala por todos eles: “As coisas que para mim eram ganhos, estas eu considerei perda por causa do Cristo. Ora, neste respeito, considero também, deveras, todas as coisas como perda, por causa do valor superior do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor.” — Filipenses 3:7, 8.
Visto que o apóstolo Paulo tinha o maior respeito pela Lei de Deus e pelo templo, ele naturalmente não estava insinuando que essas provisões divinas não fossem importantes.* (Atos 21:20-24) Paulo estava apenas demonstrando a superioridade do sistema cristão em relação ao sistema judaico.
Sem dúvida Paulo e outros cristãos judeus do primeiro século tinham conhecimento específico de muitos pormenores fascinantes do sistema judaico. E visto que a arqueologia abre uma janela para o passado, alguns desses pormenores podem agora ser apreciados pelos cristãos. No entanto, segundo Paulo, note em que o jovem Timóteo deveria concentrar sua atenção: “Pondera estas coisas [relacionadas com a congregação cristã]; absorve-te nelas, para que o teu progresso seja manifesto a todos.” — 1 Timóteo 4:15.
A arqueologia bíblica tem o seu mérito por nos ter ajudado a entender melhor o fundo histórico da Bíblia. No entanto, os cristãos se dão conta de que sua fé se baseia na Palavra de Deus, a Bíblia, não em evidências encontradas mediante escavações arqueológicas. — 1 Tessalonicenses 2:13; 2 Timóteo 3:16, 17.
[Nota(s) de rodapé]
Tanto Constantino como Helena, sua mãe, tinham curiosidade de conhecer os lugares santos de Jerusalém. Ela chegou a visitar a cidade. Muitos outros fizeram o mesmo nos séculos que se seguiram.
Por um certo período, os cristãos judeus do primeiro século que moravam em Jerusalém cumpriram diversos aspectos da Lei mosaica, provavelmente pelas seguintes razões. A Lei procedia de Jeová (Romanos 7:12, 14); ela já estava arraigada na tradição judaica (Atos 21:20); era a lei oficial do país, e qualquer oposição a ela poderia ter causado oposição desnecessária à mensagem cristã.

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