sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Conceito equilibrado sobre costumes populares

O Conceito da Bíblia
Conceito equilibrado sobre costumes populares
“É INCONCEBÍVEL EXISTIR UM PADRÃO DE COMPORTAMENTO QUE NÃO TENHA SIDO CONDENADO EM ALGUMA ÉPOCA E EM ALGUM LUGAR, MAS QUE PASSOU A SER ACEITO COMO REGRA EM OUTRA ÉPOCA E EM OUTRO LUGAR.”
COM essa frase, o historiador irlandês William Lecky resumiu a natureza volúvel do ser humano. O comentário dele também poderia ser aplicado às tradições no decorrer dos anos. Na verdade, muitos costumes que antes eram encarados como fazendo parte do cotidiano, em tempos mais recentes acabaram sendo rejeitados. Não é de se admirar, pois o apóstolo cristão Paulo observou que “está mudando a cena deste mundo”. — 1 Coríntios 7:31.
Sim, a sociedade humana é efêmera e nota-se isso por meio das extensas mudanças nas atitudes e nos hábitos das pessoas. Os cristãos “não fazem parte do mundo”, ou seja, eles se mantêm separados da sociedade humana afastada de Deus. Ainda assim, a Bíblia reconhece que os cristãos vivem “no mundo” e não exige que eles se isolem. Portanto, é vital ter um conceito equilibrado sobre os costumes. — João 17:11, 14-16; 2 Coríntios 6:14-17; Efésios 4:17-19; 2 Pedro 2:20.
O que são costumes?
Costumes são hábitos que as pessoas têm em seu convívio social e que são comuns a um lugar específico ou próprio duma classe de pessoas. Alguns costumes, como as boas maneiras à mesa e regras de etiqueta, talvez tenham surgido duma necessidade de convencionar o comportamento das pessoas em atividades coletivas, permitindo-lhes interagir com respeito e cortesia mútuos. Nesses casos, as boas maneiras podem ser comparadas a um lubrificante nas engrenagens do relacionamento humano.
Os costumes têm recebido uma influência maciça da religião. Muitos deles, na verdade, originaram-se de superstições e também de noções antibíblicas sobre religião. Por exemplo, o costume de dar flores a uma pessoa enlutada pode ter sua origem numa superstição religiosa.* Também, pensava-se que a cor azul — sempre associada a um bebê do sexo masculino — afugentasse os demônios. O rímel servia de proteção contra o mau-olhado, ao passo que o batom era usado para evitar que os demônios entrassem pela boca da mulher e a possuíssem. Mesmo o costume inofensivo de cobrir a boca com a mão ao bocejar pode ter surgido da idéia de que a alma da pessoa escaparia através da boca aberta. No entanto, ao longo do tempo, o vínculo com a religião sumiu e essas práticas e costumes não têm mais conotação religiosa.
O receio dos cristãos
Quando um cristão tem de decidir se adere ou não a certo costume, sua principal preocupação deve ser: qual é o conceito de Deus expresso na Bíblia? No passado, Deus condenou determinadas práticas que eram toleradas em alguns lugares, o que incluía o sacrifício de crianças, o mau uso do sangue e várias práticas sexuais. (Levítico 17:13, 14; 18:1-30; Deuteronômio 18:10) Do mesmo modo, alguns costumes comuns hoje obviamente não estão em harmonia com os princípios bíblicos. Entre eles estão as tradições associadas a feriados religiosos — Natal, Páscoa, etc. — ou a práticas supersticiosas relacionadas com o espiritismo.
E os costumes que antes estavam relacionados com práticas questionáveis mas hoje são encarados apenas como formalidade? Por exemplo, muitos costumes populares numa cerimônia de casamento — troca de alianças, bolo, etc. — podem ter tido origem pagã. Significa então que os cristãos estão proibidos de aderir a esses costumes? Será que eles precisam fazer uma análise meticulosa de todos os costumes da comunidade para verificar se em algum lugar ou em alguma época esses costumes tiveram conotação antibíblica?
Paulo frisou que “onde estiver o espírito de Jeová, ali há liberdade”. (2 Coríntios 3:17; Tiago 1:25) Deus quer que usemos essa liberdade, não como induzimento para desejos carnais, mas para treinar as faculdades perceptivas a fim de distinguir o certo do errado. (Gálatas 5:13; Hebreus 5:14; 1 Pedro 2:16) Por isso, nos assuntos em que não há nenhuma violação clara dos princípios bíblicos, as Testemunhas de Jeová não criam regras inflexíveis. Em vez disso, os cristãos devem avaliar as circunstâncias do momento e tomar uma decisão por conta própria.
Buscar a vantagem do próximo
Então, isso significa que é sempre correto aderir a certo costume desde que não viole diretamente os princípios bíblicos? Não. (Gálatas 5:13) Paulo mencionou que o cristão deve buscar não só a sua própria vantagem, “mas a dos muitos”. Deve também ‘fazer todas as coisas para a glória de Deus’ e não se tornar causa de tropeço. (1 Coríntios 10:31-33) Dessa forma, alguém que procura a aprovação de Deus talvez queira perguntar-se: ‘como os outros encaram esse costume? A comunidade o relaciona com algum significado questionável? Aderir a esse costume daria a entender que eu estou de acordo com práticas ou idéias que desagradam a Deus?’ — 1 Coríntios 9:19, 23; 10:23, 24.
Mesmo que talvez sejam inofensivos, alguns costumes podem ser praticados na localidade duma forma que vai de encontro com os princípios bíblicos. Por exemplo, em ocasiões específicas, dar flores pode assumir um significado especial que entra em choque com os ensinos da Bíblia. Então, qual deve ser a preocupação primária do cristão? Apesar de talvez existirem razões para se examinar a origem dum costume específico, há casos em que é mais importante levar em conta o que o costume significa para as pessoas na época e no local onde o cristão está morando agora. Se o costume assumir conotações quer antibíblicas quer de outro modo negativas durante um período específico do ano ou sob outras circunstâncias, os cristãos podem optar sabiamente por evitá-lo naquela época.
Paulo orou para que os cristãos aumentassem em amor com conhecimento exato e pleno discernimento. Quando mantêm um conceito equilibrado sobre costumes populares, os cristãos ‘se certificam das coisas mais importantes para que sejam sem defeito e não façam outros tropeçar’. (Filipenses 1:9, 10) Paralelamente, eles permitem que sua ‘razoabilidade seja conhecida de todos os homens’. — Filipenses 4:5.
[Nota(s) de rodapé]
Segundo alguns antropólogos, o buquê de flores às vezes era usado como oferta para os mortos a fim de evitar que eles perturbassem os vivos.

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