sexta-feira, 2 de março de 2012

Batismo — será para bebês?

“QUANDO tive meus bebês”, disse uma genitora, “apressei-me em batizá-los. . . . Às vezes fico pensando se fiz a coisa certa”. Por quê? Dois de seus três filhos rejeitaram a sua fé.
Talvez o leitor, como genitor, tenha tido similares dúvidas sobre se devia fazer a iniciação de um bebezinho em sua religião. Se assim for, provavelmente sabe que os líderes eclesiásticos — tanto católicos como protestantes — têm feito muito pouco para deixá-lo mentalmente tranqüilo. Estimulam o cepticismo por travarem batalhas verbais quanto ao batismo de bebês. Os reformadores o chamam de vestígio da superstição medieval. No entanto, os tradicionalistas rotulam a negação do batismo de “repugnante ao sentimento cristão”.
Por assim arrazoarem, os líderes eclesiais simplesmente “entregam-se a rapsódias emotivas, como substituto para argumentos substanciais”. [Infant Baptism and the Covenant of Grace (O Batismo de Crianças e o Pacto da Graça), de Paul K. Jewett] Onde, então, poderá procurar respostas de peso para suas perguntas sobre o batismo de crianças? Tais respostas têm de ser buscadas na Palavra de Deus.
Consignados ao Inferno?
Os que batizam crianças, na maior parte, tentam basear seu caso nas palavras de Jesus em João 3:5: “A menos que alguém nasça de água e espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Argumentam que, visto que o batismo em água é um requisito para se entrar no céu, os bebês devem ser batizados para se evitar que sofram num inferno de fogo — ou que fiquem esperando no limbo.
No entanto, a Bíblia diz que “os mortos . . . não estão cônscios de absolutamente nada”. (Eclesiastes 9:5; coteje com o Salmo 146:4.) Visto que os mortos estão inconscientes, não podem sentir nenhuma espécie de sofrimento. Os genitores, portanto, não precisam temer quaisquer conseqüências horrendas caso não batizem seus filhinhos.
Ainda assim, existe a preocupação de que os não-batizados não possam entrar no céu. Isto, contudo, não significa que não possam ser salvos. Jesus disse: “Tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco [celeste].” (João 10:16) Aqui, e numa parábola registrada em Mateus 25:31-46, Jesus indicou que existiriam pessoas salvas que não iriam para o céu. Para onde iriam? Jesus disse ao malfeitor pregado na estaca junto dele: “Estarás comigo no Paraíso.” — Lucas 23:43.
Tinha tal malfeitor ‘nascido da água’ pelo batismo? Obviamente que não, e o céu estava assim fechado para ele. Onde, então, seria o “Paraíso”? Lembre-se de que Deus colocou o casal humano original num paraíso terrestre, com a perspectiva de viver ali para sempre. (Gênesis 1:28; 2:8) Adão e Eva, porém, preferiram rebelar-se e foram expulsos de seu lindo lar ajardinado. Será que o Paraíso terrestre foi perdido para sempre? Não, pois as Escrituras tornam claro que Deus por fim restaurará o Paraíso na Terra. (Mateus 5:5; 6:9, 10; Efésios 1:9-11; Revelação 21:1-5) E é para este Paraíso terrestre que a maioria dos que já morreram — incluindo bebezinhos — serão por fim ressuscitados. — João 5:28, 29.
Tem um indivíduo de ser batizado para participar nesta ressurreição terrestre? Não necessariamente. Muitos morreram em ignorância espiritual. (Confronte com Jonas 4:11.) Visto que eles jamais tiveram oportunidade de aprender sobre Deus, jamais se dedicaram a Ele. Estão tais pessoas perdidas para sempre? Não, pois o apóstolo Paulo disse: “Há de haver uma ressurreição tanto de justos como de injustos.” (Atos 24:15) Sem dúvida, criancinhas estarão incluídas entre aquelas multidões de ressuscitados. Por conseguinte, são inteiramente infundadas as afirmações de que o batismo é necessário para salvar bebezinhos.
A Circuncisão e o Batismo
Aqueles que são a favor do batismo de bebês, contudo, apontam que, em Israel, as criancinhas eram circuncidadas pouco depois de nascerem. (Gênesis 17:12) Arrazoam que o batismo tomou o lugar da circuncisão como meio de salvar os bebês.
No entanto, será que a circuncisão servia como meio de salvação? Não, ela era um visível “sinal do pacto” que Deus fizera com Abraão. (Gênesis 17:11) Ademais, apenas os varões eram circuncidados. Se o batismo equivale à circuncisão, não seria lógico negar o batismo às menininhas? É claro que tal paralelo não é válido. É preciso recordar, também, que as Escrituras ordenaram especificamente que os pais judeus circuncidassem seus filhos varões. Se a salvação estava envolvida, por que não foi dada nenhuma ordem similar aos pais cristãos sobre o batismo?
Na verdade, Jesus deveras disse: “Deixai vir a mim as criancinhas . . . pois o reino de Deus pertence a tais.” (Marcos 10:14) Mas Jesus dificilmente estaria dizendo que o céu seria povoado por crianças. É interessante que o teólogo protestante A. Campbell disse, a respeito do Reino celeste: “Não é constituído de crianças, mas dos que são como eles em docilidade, humildade e mansidão.”
Os Filhos dum Crente São “Santos”
Jesus instruiu seus seguidores a ‘irem e fazerem discípulos [ou, ensinados] de pessoas de todas as nações, batizando-os’. (Mateus 28:19) Por conseguinte, são os que têm idade suficiente para serem discípulos, ou ensinados, que devem ser batizados. Assim, os verdadeiros cristãos hodiernos se esforçam de treinar — e não de batizar — seus filhos desde a infância. (2 Timóteo 3:15) À medida que os filhos são criados “na disciplina e na regulação mental de Jeová”, eles cultivam sua própria fé. — Efésios 6:4.
No ínterim, os pais não precisam temer que o bem-estar eterno de seus filhos jovens corra perigo, caso não sejam batizados. Em 1 Coríntios 7:14, o apóstolo Paulo assegura que os filhos de um genitor cristão são “santos”. Isto não se dá por eles seguirem algum rito formalístico, mas porque Deus lhes concede misericordiosamente uma posição limpa — conquanto pelo menos um de tais genitores permaneça fiel como cristão.
O exemplo fiel dos pais, junto com a formação bíblica que seus filhos recebem, pode, com o tempo, mover os jovens a fazer uma dedicação de si mesmos a Deus, e simbolizá-la pelo batismo. Seus corações apreciativos os movem a dar seguimento a isto por prestarem ‘serviço sagrado com sua faculdade de raciocínio’. (Romanos 12:1) Estas são coisas que um bebezinho simplesmente não pode fazer.
[Nota(s) de rodapé]
Declara a New Catholic Encyclopedia (Nova Enciclopédia Católica; 1967): “Em caso de perigo de morte, a pessoa não deve esperar para batizar quando se der o nascimento propriamente dito. Permite-se que uma pessoa habilitada batize [a criança] no ventre . . . pelo emprego de uma seringa, ou algum outro instrumento de irrigação.”

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