sexta-feira, 2 de março de 2012

O que fazer se um ministro religioso cometer um pecado?

HOJE, como nunca antes, a má conduta de líderes religiosos chama a atenção do público. Os protestantes ficam perturbados pela conduta escandalosa de pastores da TV. Depois de ter sido recentemente flagrado, pela segunda vez em três anos, na companhia de uma prostituta, um televangelista informou a seus seguidores que Deus lhe dissera que seu comportamento não era da conta de ninguém, só dele.
Comentando um estudo de 25 anos, a revista Time disse: “Um ex-monge beneditino . . . estima que metade dos 53.000 sacerdotes católico-romanos nos Estados Unidos quebra o voto de celibato.” Além disso, uma notícia publicada em 1990 sobre vários sacerdotes católicos condenados por abusarem sexualmente de crianças diz: “Os líderes da Igreja ignoraram, negaram-se a considerar ou trataram ineficazmente de queixas de abuso sexual, embora tivessem recebido tais queixas de vítimas, de paroquianos, da polícia, de assistentes sociais e de outros sacerdotes.”
“Até pouco tempo”, disse Time, “os sacerdotes transgressores eram simplesmente transferidos de uma paróquia para outra”. Mas, agora que os processos abertos por vítimas da má conduta de sacerdotes já chegaram a 300 milhões de dólares nos Estados Unidos, os sacerdotes não raro recebem tratamento psiquiátrico antes de retornarem aos deveres religiosos.
O que se deve fazer se um pastor, um sacerdote ou um ancião cometer um pecado? Que orientação dá a Bíblia sobre a maneira de lidar com essa lamentável má conduta? Examinemos dois textos-chave da Bíblia: Tito 1:7 e 1 Timóteo 3:2.
Tem de Estar “Livre de Acusação”
A Bíblia diz: “O superintendente [“bispo”, Centro Bíblico Católico] tem de estar livre de acusação como mordomo de Deus.” (Tito 1:7) Paulo deu esta ordem a Tito ao nomeá-lo para designar anciãos nas congregações de Creta. No entanto, o que queria o apóstolo dizer?
A expressão “livre de acusação” é tradução da palavra grega a‧nég‧kle‧tos. Comentando sobre esta palavra, The New International Dictionary of New Testament Theology (Novo Dicionário Internacional da Teologia do Novo Testamento) diz: “Anenklētos diz respeito ao contexto legal de acusação no tribunal, e tem a conotação de comportamento irrepreensível, contra o qual não se pode levantar nenhuma acusação.” Assim, o homem tem de ter bons antecedentes antes de ser designado ancião; ele não pode estar sob repreensão ou sujeito a acusações. E apenas se o ancião se mantiver livre de acusações legítimas é que poderá continuar no cargo. — 1 Timóteo 3:10.
O ancião não deve só prover liderança na congregação, deve também servir à congregação. Tem de prestar contas do seu mordomado. Ele é mordomo de Deus; ele pastoreia as ovelhinhas de Deus. Assim, ele é responsável, antes de tudo, perante o Proprietário do rebanho, Jeová, e depois perante as pessoas sobre quem Deus lhe deu a responsabilidade de supervisão. — 1 Pedro 5:2, 3.
Deve Ser “Irrepreensível”
A Bíblia diz: “O superintendente [“bispo”, CBC], portanto, deve ser irrepreensível.” (1 Timóteo 3:2) A palavra grega a‧ne‧pí‧lem‧ptos é traduzida por “irrepreensível” e significa, literalmente, “não deve ser agarrado”. Em outras palavras, a vida do superintendente não deve dar nenhum motivo que um acusador pudesse como que agarrar, isto é, tirar proveito, e usar isso contra ele. Ampliando o significado dessa palavra grega, o Theological Dictionary of the New Testament (Dicionário Teológico do Novo Testamento) diz que o superintendente “não pode ser censurado (nem mesmo por não-cristãos) por causa de sua conduta moral”.
Deus estabelece elevados padrões para aqueles que supervisionam seu povo e ensinam sua Palavra. Tiago disse sobre si mesmo e outros anciãos: “Havemos de receber um julgamento mais pesado.” E Jesus formulou o seguinte princípio orientador: “A quem encarregaram de muito, deste reclamarão mais do que o usual.” — Tiago 3:1; Lucas 12:48.
Portanto, se um superintendente cristão cometer um pecado grave, mas se arrepender, ele poderá continuar como membro da congregação, mas deverá ser removido do cargo de superintendente. Não mais é irrepreensível. Talvez se passem muitos anos até que sua reputação volte a ser excelente, de modo que esteja outra vez livre de acusação. Seu caso é comparável ao de Sebna, mordomo de Ezequias. Por causa de sua má conduta, Jeová o censurou com as palavras: “Vou empurrar-te do teu posto; e derrubar-te-ão da tua posição oficial.” Mas depois disso Sebna deve ter recuperado a sua boa reputação, porque lemos sobre ele estar novamente no serviço do rei como secretário. — Isaías 22:15-22; 36:3.
E se o Ministro Religioso For Impenitente?
Muitas religiões da cristandade toleram ministros religiosos que continuam a praticar o pecado. Em 1459, o Cardeal Rodrigo Borgia tornou-se vice-chanceler papal, o mais elevado cargo administrativo na Cúria católica. Por causa de sua notória imoralidade, ele foi censurado pelo Papa Pio II. No entanto, embora ele tivesse quatro filhos ilegítimos, em 1492 o colégio de cardeais o elegeu para o trono papal! Ele continuou sua carreira escandalosa como Papa Alexandre VI. A tolerância para com ministros religiosos impenitentes e depravados em toda a história da cristandade sem dúvida tem contribuído para a corrupção que vemos nela hoje. Portanto, o que se deve fazer se o ministro religioso for impenitente?
O ministro cristão que pratica um pecado grave e não dá evidência de arrependimento deve ser expulso da congregação. O apóstolo Paulo escreveu: “[Cessai] de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que for fornicador, ou ganancioso, ou idólatra, ou injuriador, ou beberrão, ou extorsor, nem sequer comendo com tal homem. . . . ‘Removei o homem iníquo de entre vós.’” — 1 Coríntios 5:11-13.
Tomar ação firme protege a reputação da congregação e a separa daqueles que ‘declaram publicamente que conhecem a Deus, mas que o repudiam por suas obras’. A maneira como determinada religião lida com ministros religiosos que cometem pecado ajudá-lo-á a reconhecer se essa religião é realmente cristã. — Tito 1:16; Mateus 7:15, 16.

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