sexta-feira, 2 de março de 2012

Jeová é um Deus de guerra?

ALGUNS leitores da Bíblia há muito acusam Jeová de ser um Deus de guerra e, ainda por cima, sanguinário. Por exemplo, George A. Dorsey, em seu livro The Story of Civilization—Man’s Own Show (História da Civilização — Realizações do Homem), alega que o Deus da Bíblia, Jeová, “é o Deus de saqueadores, de torturadores, de guerreiros, de conquistas, de toda fúria selvagem”. O crítico da Bíblia Roland H. Bainton diz incisivamente: “A guerra é mais humanitária quando Deus fica de fora.”
Será que Jeová é mesmo um Deus de guerra? Gosta realmente de chacinar inocentes, como alguns sugerem?
Sentenças divinas no passado
É verdade que a Bíblia fala abertamente de sentenças adversas executadas por Jeová Deus no passado. Mas eram sempre contra pessoas ímpias. Por exemplo, somente depois de a Terra, nos dias de Noé, ter ficado “cheia de violência”, Jeová disse: “Estou trazendo o dilúvio de águas sobre a terra, para arruinar debaixo dos céus toda a carne em que a força da vida está ativa.” (Gênesis 6:11, 17) Com respeito a outra sentença, foi só porque Sodoma e Gomorra se ‘entregaram à imoralidade sexual e estavam determinadas a praticar sensualidade pervertida’ que Deus fez “chover enxofre e fogo”. — Judas 7, The New Berkeley Version; Gênesis 19:24.
Será que Deus sentiu prazer em arruinar todos os seres vivos nos dias de Noé? Ou sentiu algum prazer perverso em destruir os habitantes de Sodoma e Gomorra? Para termos uma resposta, examinemos os eventos relativos ao Dilúvio dos dias de Noé. Depois de mencionar que Deus iria obliterar a humanidade iníqua da superfície do solo para purificar a Terra da violência, a Bíblia diz: “Jeová . . . sentiu-se magoado no coração.” Isso mesmo! Deus ficou magoado de ver que ‘toda inclinação dos pensamentos do coração do homem era só má, todo o tempo’. Por isso, a fim de salvar o máximo número de pessoas do iminente Dilúvio, Deus mandou Noé, “pregador da justiça”, divulgar uma mensagem de aviso e construir uma arca para preservação. — Gênesis 6:3-18; 2 Pedro 2:5.
De maneira similar, antes de enviar anjos para destruir Sodoma e Gomorra, Deus disse: “Vou descer e ver se eles fizeram ou não tudo o que indica o grito que, contra eles, subiu . . . ficarei sabendo.” (Gênesis 18:20-32, A Bíblia de Jerusalém) Jeová garantiu a Abraão (cujo sobrinho, Ló, morava em Sodoma) que, se Sua busca revelasse apenas dez homens justos, as cidades seriam poupadas. Será que um Deus que se deleita em derramar sangue teria essa preocupação misericordiosa? Não poderíamos dizer, pelo contrário, que uma das características dominantes da personalidade de Jeová é a misericórdia? (Êxodo 34:6) Ele mesmo diz: “Não me agrado na morte do iníquo, mas em que o iníquo recue do seu caminho e realmente continue vivendo.” — Ezequiel 33:11.
Sentenças adversas da parte de Deus resultam sempre de pessoas iníquas obstinadamente se recusarem a abandonar algum proceder mau, não de Jeová gostar de matar pessoas. Mas você talvez se pergunte: ‘Jeová não incentivou os israelitas a guerrear contra os cananeus e aniquilá-los?’
As guerras de Deus eram necessárias para a paz
A História revela a sordidez da vida dos cananeus: eles eram extremamente iníquos. Espiritismo, sacrifício de crianças, violência sádica e várias formas de adoração pervertida do sexo eram a ordem do dia. Como Deus de justiça, que exige devoção exclusiva, Jeová não podia permitir que esses costumes repulsivos perturbassem a paz e a segurança de pessoas inocentes, especialmente de Israel. (Deuteronômio 5:9) Por exemplo, imagine sua comunidade sem uma força policial ou uma milícia bem conceituada para fazer cumprir as leis do país — não levaria isso à anarquia e violência da pior espécie? Similarmente, Jeová foi obrigado a agir contra os cananeus por causa da sua licenciosidade e do perigo real que representavam para a adoração pura. Por isso, ele decretou: “A terra é impura e eu trarei sobre ela punição pelo seu erro.” — Levítico 18:25.
A justiça divina foi levada a cabo quando as forças executoras de Deus — os exércitos israelitas — destruíram os cananeus. Ter Deus escolhido usar humanos, em vez de fogo ou inundação, para executar essa sentença, não diminui a importância do veredicto. Assim, ao guerrearem contra as sete nações de Canaã, os exércitos israelitas foram instruídos: ‘Não deveis preservar viva nenhuma coisa que respira.’ — Deuteronômio 20:16.
Entretanto, por respeitar a vida, Deus não sancionou a matança indiscriminada. Por exemplo, quando os habitantes de Gibeão, uma cidade cananéia, pediram misericórdia, Jeová os atendeu. (Josué 9:3-27) Será que um deus de guerra, perverso, teria feito isso? Não, mas um Deus que ama a paz e a justiça teria. — Salmo 33:5; 37:28.
As normas de Jeová promovem a paz
Vez após vez a Bíblia associa a bênção de Deus à paz. Isso porque Jeová ama a paz, não a guerra. (Números 6:24-26; Salmo 29:11; 147:12-14) Por isso, quando o Rei Davi quis construir um templo de adoração para Jeová Deus, Ele lhe disse: “Não construirás uma casa ao meu nome, porque derramaste diante de mim grande quantidade de sangue na terra.” — 1 Crônicas 22:8; Atos 13:22.
Na Terra, o Davi Maior, Jesus Cristo, falou dum tempo em que o amor de Deus à justiça não mais Lhe permitiria tolerar as perversidades que hoje existem. (Mateus 24:3, 36-39) Como fez no Dilúvio dos dias de Noé e na destruição de Sodoma e Gomorra, ao executar sua sentença, Deus em breve eliminará da Terra os homens egoístas e iníquos, preparando assim o caminho para condições pacíficas sob o domínio do seu Reino celestial. — Salmo 37:10, 11, 29; Daniel 2:44.
É óbvio que Jeová não é um deus de guerra que tem sede de sangue. Mas ele não se esquiva de exigir punição judicial quando preciso. O amor de Deus à bondade requer que ele aja a favor dos que o amam, destruindo o sistema iníquo que os oprime. Quando ele fizer isso, haverá verdadeira paz em toda a Terra ao passo que os genuinamente mansos adorarem de forma unida a Jeová, “o Deus de paz”. — Filipenses 4:9.

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