sexta-feira, 2 de março de 2012

Existe justificativa para o ódio étnico?

COMO se sentiria se as pessoas o considerassem sinuoso, violento, tolo ou imoral só porque pertence a determinado grupo étnico? Com certeza ficaria ofendido. Lamentavelmente, milhões de pessoas sofrem esse tipo de discriminação. E no decorrer da História, um incontável número de pessoas inocentes foram maltratadas e até mesmo assassinadas simplesmente por serem de determinada raça ou nacionalidade. De fato, o ódio étnico é a raiz da maioria dos conflitos sangrentos da atualidade. Contudo, muitos que apóiam esse tipo de violência professam crer em Deus e na Bíblia. E há os que afirmam que é impossível erradicar o racismo porque ele é inerente à natureza humana.
Será que a Bíblia justifica o ódio étnico? Existem circunstâncias que justificariam odiar os que são de cultura ou raça diferente? Podemos esperar um futuro sem ódio étnico? Qual é o conceito da Bíblia sobre isso?
Julgados por suas ações
Uma análise superficial dos tratos de Deus com a humanidade no passado pode levar alguém a concluir erroneamente que Ele apoiava o ódio étnico. Não é verdade que diversos relatos bíblicos retratam a Deus como executor de inteiras tribos e nações? Sim, porém um exame mais detido mostra que ele julgou esses povos com base na sua conduta — imoralidade e desprezo pelas leis divinas — e não com base na origem étnica.
Para citar um exemplo, Jeová Deus condenou os cananeus por causa de seus ritos que envolviam depravação sexual e demonismo. Eles até mesmo queimavam crianças como sacrifício a deuses falsos! (Deuteronômio 7:5; 18:9-12) Mas houve cananeus que demonstraram fé em Deus e se arrependeram. Por essa razão, Jeová poupou-lhes a vida e os abençoou. (Josué 9:3, 25-27; Hebreus 11:31) Raabe, uma mulher cananéia, até mesmo se tornou antepassada de Jesus Cristo, o prometido Messias! — Mateus 1:5.
A Lei de Deus aos israelitas mostra que ele não é parcial. Muito pelo contrário, demonstra genuína preocupação pelo bem-estar de todos os povos. A compaixão divina é revelada na seguinte ordem dada aos israelitas, em Levítico 19:33, 34: “Caso um residente forasteiro resida contigo no vosso país, não deveis maltratá-lo. O residente forasteiro que reside convosco deve tornar-se para vós como o vosso natural; e tens de amá-lo como a ti mesmo, pois vos tornastes residentes forasteiros na terra do Egito. Eu sou Jeová, vosso Deus.” Ordens similares são encontradas nos livros de Êxodo e Deuteronômio. Torna-se claro, então, que Jeová nunca tolerou o ódio étnico, mas sempre insistiu na harmonia étnica.
Jesus promoveu a tolerância étnica
Nos dias de Jesus, judeus e samaritanos nutriam um desprezo mútuo. Em certa ocasião, pessoas de uma aldeia samaritana não acolheram a Jesus simplesmente porque ele era um judeu em caminho para Jerusalém. Como você teria reagido diante dessa rejeição? Os discípulos de Jesus, talvez refletindo o preconceito da época, perguntaram-lhe: “Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os aniquile?” (Lucas 9:51-56) Jesus se deixou influenciar pelo ressentimento dos discípulos? De forma alguma. Ele os censurou e pacificamente procurou hospedagem em outra aldeia. Pouco depois, Jesus contou a parábola do bom samaritano. A grande lição que aprendemos dessa história é que a origem étnica da pessoa em si não faz dela um inimigo. Muito pelo contrário, pode acontecer de a pessoa ser extremamente solidária.
Grupos étnicos na congregação cristã
Ao realizar seu ministério, Jesus se concentrou primariamente em fazer discípulos entre os seus conterrâneos judeus. Mas ele indicou que outros por fim se tornariam seus seguidores. (Mateus 28:19) Seriam aceitas pessoas de todos os grupos étnicos? Sim! O apóstolo Pedro declarou: “Certamente percebo que Deus não é parcial, mas, em cada nação, o homem que o teme e que faz a justiça lhe é aceitável.” (Atos 10:34, 35) O apóstolo Paulo mais tarde reforçou esse conceito deixando bem claro que a origem étnica da pessoa não tinha nenhuma importância na congregação cristã. — Colossenses 3:11.
O livro bíblico de Revelação (Apocalipse) fornece mais evidências de que Deus aceita pessoas de todos os grupos étnicos. Numa visão divinamente inspirada, o apóstolo João viu “uma grande multidão . . . de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas” receber a salvação da parte de Deus. (Revelação 7:9, 10) Essa “grande multidão” será a base da nova sociedade humana em que pessoas de todas as formações coexistirão de forma pacífica, unidas por seu amor a Deus.
Enquanto esse dia não chega, os cristãos devem resistir à tendência de julgar outros com base na origem étnica. Demonstramos justiça e amor por encararmos as pessoas como indivíduos, não apenas como membros de determinados grupos étnicos. Não é assim que você quer que os outros o encarem? O conselho de Jesus é muito oportuno: “Todas as coisas, portanto, que quereis que os homens vos façam, vós também tendes de fazer do mesmo modo a eles.” (Mateus 7:12) Viver sem ódio étnico é muito agradável, pois resulta em maior paz mental e paz com os nossos semelhantes. O mais importante é que copiamos o exemplo de imparcialidade de nosso Criador, Jeová Deus. Que razão mais convincente poderia haver para rejeitarmos o ódio étnico?
[Nota(s) de rodapé]
“Grupo étnico”, neste artigo, refere-se a pessoas da mesma origem racial, nacional, tribal ou formação cultural.

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