sexta-feira, 2 de março de 2012

É a fatalidade que molda o seu futuro?

COM muita delicadeza, uma mão retira a poeira do rosto da criança, um ato de ternura comum a muitos pais. Apenas que esta situação é horrorosamente diferente. Tal criança, prestes a ser sepultada, é um dos mais de 2.000 mortos num desastre que abalou toda a Índia, enchendo-a de pesar, enquanto o resto do mundo suspirava horrorizado. A cena foi resultado de uma nuvem de gás branco venenoso, que filtrou de seu depósito, e que causou danos e mortes ao pairar sobre a cidade de Bhopal.
Alguns indianos encararam tal tragédia e clamaram: “Fatalidade”! Outros se resignaram a pensar que ‘Isso estava prescrito’, ou: ‘Estava escrito.’ Mas nem todos os indianos culparam a fatalidade cega pelo desastre de Bhopal.
Em que crê? Foi a fatalidade a responsável? É a fatalidade que molda o nosso futuro?
Será que a Fatalidade ‘Puxa os Cordões’?
A doutrina do fatalismo, associada à fatalidade, ensina que o curso da vida humana está, em graus e sentidos diversos, previamente fixado, sendo a vontade ou a inteligência impotentes para dirigi-lo ou alterá-lo”. (Aurélio) Fixado por quem? Por uma força sobrenatural impessoal”, responderão alguns fatalistas. Outros crêem que um deus já determinou todo o padrão de vida da pessoa, incluindo a ocasião e a forma de sua morte, e que nada pode ser feito para mudar isso.
A Bíblia, contudo, apresenta um conceito contrastante. Afirma que alguns acontecimentos e o destino dos bons e dos maus são predestinados, mas que os destinos dos indivíduos não se acham fixados. O Dictionary of the Bible (Dicionário da Bíblia), comentando a palavra “fatalidade”, conforme empregada em uma tradução em inglês, declara: “Um exame do contexto mostra que em parte alguma se apresenta o fatalismo cego. Às vezes, a referência se aplica ao quinhão comum dos homens, e, às vezes, à condenação que os homens trazem sobre si mesmos ou que é trazido sobre a comunidade.” — Veja Números 16:29, na Bíblia Vozes, como exemplo.
Observe como a Bíblia sustenta a regra básica razoável de causa e efeito, ao dizer: “Não vos deixeis desencaminhar: De Deus não se mofa. Pois, o que o homem semear, isso também ceifará.” (Gálatas 6:7) Este versículo é um axioma. Não precisa de nenhuma prova, de nenhum “porquê”. Assim, uma vez que ceifamos aquilo que semeamos, não é evidente que somos responsáveis pelos resultados de muitas coisas que nos acontecem? A fatalidade cega não decide isso.
Liberdade de Escolha
Temos liberdade de escolha. Que deveras existe tal escolha é evidente do seguinte texto: “Pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a invocação do mal; e tens de escolher a vida para ficares vivo, tu e tua descendência amando a Jeová, teu Deus, escutando a sua voz e apegando-te a ele; pois ele é a tua vida e a longura dos teus dias.” (Deuteronômio 30:19, 20) Por que Jeová Deus nos incentivaria a escolher a vida se não existisse nenhuma escolha?
Caso fôssemos meros robôs de carne cujas ações fossem predeterminadas por algum programador celeste, de que valor seria o conselho de Jesus: “Esforçai-vos vigorosamente a entrar pela porta estreita” que conduz à vida eterna? Ou que significado haveria em sua declaração: “Quem tiver perseverado até o fim é o que será salvo”? Absolutamente nenhum! A pessoa espiritualmente preguiçosa não teria motivos de empenhar-se em servir a Deus ou de persistir em apegar-se às orientações da Bíblia. — Lucas 13:24; Mateus 24:13.
Se Paulo, seguidor de Jesus, cresse que seu destino final já estava traçado firmemente, então não teriam sentido as seguintes palavras dele: “Não que eu já o tenha alcançado ou que já seja perfeito, mas vou prosseguindo para ver se o alcanço, pois que também já fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, eu não julgo que eu mesmo o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está diante, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus.” — Filipenses 3:12-14, A Bíblia de Jerusalém.
Faria sentido o cristão “avançar para o que está diante” e ‘prosseguir para o alvo’ se a fatalidade tivesse ditado quem triunfaria antes mesmo de a corrida começar? Realmente, por que participar da corrida? A crença no ‘que será, será’ simplesmente não se enquadra no conceito da Bíblia.
Portanto, não somos simples marionetes pendurados em cordões segurados pelas mãos de um poder superior que determina toda ação nossa. Nosso destino não foi selado já antes de nascermos.
Por Que o Mal Sobrevêm a Pessoas Boas
Se a fatalidade não molda nossa vida, então, por que parece que o mal sobrevêm a pessoas boas? “O tempo e o imprevisto” sobrevêm a todos nós é uma das respostas que a Bíblia fornece. (Eclesiastes 9:11) As pessoas podem tornar-se vítimas inocentes da coincidência. Talvez se achem no lugar errado na ocasião errada.
Outra resposta encontrada na Bíblia é que a humanidade herdou o pecado, e assim a imperfeição. “Por intermédio de um só homem entrou o pecado no mundo, e a morte por intermédio do pecado, e assim a morte se espalhou a todos os homens, porque todos tinham pecado.” (Romanos 5:12) Por conseguinte, não só as ações das pessoas, mas também o que fabricam ou fazem estão sujeitos a erros e falhas. Precauções de segurança desconsideradas, avisos soados mas não acatados, as boas intenções sobrepujadas pela avareza, e outras coisas similares, podem ser atribuídas à natureza imperfeita da humanidade.
Assim sendo, a fatalidade não molda nosso futuro; somos livres para escolher nosso próprio destino. O poeta inglês William Ernest Henley expressou similar convicção ao dizer: “Sou dono de meu próprio destino; sou o capitão de minha própria alma.” Todavia, mais de 3.000 anos antes de Henley, um dos escritores da Bíblia registrou as coisas com mais exatidão. Sabia que um futuro bom ou ruim estava em suas próprias mãos. Dependia de se ele decidia ou não obedecer a Deus. Escreveu ele: “Escolhei hoje para vós a quem servireis . . . Quanto a mim e aos da minha casa, serviremos a Jeová.” — Josué 24:15.

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