sexta-feira, 2 de março de 2012

Orações — repetitivas ou espontâneas?

UM JUMBO voava a 12.500 metros de altitude. Embaixo estavam as águas frias do Pacífico. De repente, um motor parou. Daí, os outros três perderam potência. O avião desceu abruptamente 10.000 metros em dois minutos! Mas, a 2.700 metros, recuperou a potência e chegou a São Francisco em segurança. Um passageiro suspirou: “Orei com mais fervor do que em toda a minha vida.”
Em momentos de desastre, perigo ou profundo pesar, muitos, mesmo os que não são religiosos, recorrem ao Todo-Poderoso para obter ajuda. Em contraste com isto, os religiosos regularmente repetem orações formais em igrejas e templos, ou em casa. Com a ajuda de rosários, muitos rezam Pais-Nossos e Ave-Marias. Outros usam livros de oração. Milhões de orientais giram tambores de oração, como meio de repetir orações rapidamente.
Já se perguntou: ‘Como devemos orar? Devem as orações ser repetitivas ou espontâneas?’
A Que se Assemelha a Oração
Suponha que seu pai, a quem tanto ama e que mora em outro país, o tenha incentivado a telefonar-lhe sempre que quisesse — gratuitamente. Não telefonaria muitas vezes? Não teria prazer em manter, e até fortalecer, seu valioso vínculo? Não falaria de suas ansiedades e expressaria profunda gratidão pela ajuda e pelo encorajamento que ele lhe deu em toda a sua vida? Este relacionamento pessoal seria para você uma preciosidade, não seria?
Nos seus telefonemas, você talvez mencionasse certos assuntos várias vezes, mas o faria lendo dum livro ou se repetindo formalmente? Portanto, a oração cristã tampouco seria assim. De fato, Cristo Jesus disse que as orações em nada deviam assemelhar-se a isto.
O Que Disse Cristo Jesus?
“Ao orares, não digas as mesmas coisas vez após vez, assim como fazem os das nações, pois imaginam que serão ouvidos por usarem de muitas palavras.” (Mateus 6:7) Outras versões rezam: “Nas orações, não faleis muitas palavras como os pagãos.” (Bíblia Vozes) “Nas vossas orações não useis de vãs repetições, como os gentios.” — A Bíblia de Jerusalém.
Alguns confundem verbosidade com piedade, fluência com devoção, repetição e extensão com resposta garantida. No entanto, Deus não mede o valor da oração por seu tamanho. Obviamente, Jesus não queria que seus seguidores usassem fórmulas rígidas ou recitassem orações. Assim, de que valor duradouro são os rosários, livros de oração ou tambores de oração?
Depois de dizer o acima, Jesus forneceu aos discípulos uma oração-modelo: a bem conhecida Oração do Pai-Nosso. (Mateus 6:9-13) Mas era sua intenção que eles simplesmente repetissem aquelas mesmas palavras? Não. De fato, ao fazer essa oração mais de um ano depois, nem o próprio Jesus usou as mesmas palavras. (Lucas 11:2-4) Existem registros de primitivos cristãos fazerem isto ou de repetirem outras orações formais? A resposta novamente é não.
Significa isto que não podemos mencionar a mesma coisa ou fazer um pedido muitas vezes? De modo algum, pois Jesus também disse: “Persisti em pedir, e dar-se-vos-á; persisti em buscar, e achareis; persisti em bater, e abrir-se-vos-á.” (Mateus 7:7) Não raro precisamos fazer o mesmo pedido muitas vezes. Deste modo Jeová vê quão sinceros somos ao lhe fazermos pedidos e quão profundos são os nossos sentimentos sobre o assunto.
Por exemplo, no quinto século AEC, o devoto Neemias era membro da comunidade exilada de judeus, em Babilônia. Era o copeiro do rei persa. Ao ficar sabendo que seus conterrâneos, os que residiam na Judéia, estavam em apuros, ele orou “dia e noite” pedindo pelo alívio deles. (Neemias 1:6) Suas orações foram ouvidas com favor. Jeová induziu o compassivo governante persa a autorizar Neemias a ir a Jerusalém para endireitar as coisas. Ele fez isto, para a felicidade do seu povo e preservação da fé. — Neemias 1:3-2:8.
Como a Oração Sincera Ajuda
Embora seja o Poder Supremo do Universo, Jeová convida seus “filhos” a dirigir-se a ele de todo o coração. “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós”, diz Tiago, discípulo de Jesus. (Tiago 4:8) Mas como? Bem, temos de orar no nome de Jesus. (João 14:6, 14) Ademais, como Paulo disse: “Sem fé é impossível agradar-lhe bem, pois aquele que se aproxima de Deus tem de crer que ele existe e que se torna o recompensador dos que seriamente o buscam.” — Hebreus 11:6.
Aqueles que têm problemas, mesmo os que cometeram graves erros, podem pedir e receber ajuda e perdão. Jesus ilustrou isto ao falar sobre um líder religioso que, ao orar, agradeceu a Deus por ser mais santo do que outros; mas um cobrador de impostos (desprezado e encarado como grande transgressor naquela época) disse apenas: “Ó Deus, sê clemente para comigo pecador.” Certamente, esta oração simples e sincera não foi tirada dum livro. E Jesus censurou o religioso hipócrita, mas disse sobre o outro: “Quem se humilhar será enaltecido.” — Lucas 18:10-14.
Tendências ruins do mundo levam muitos a ficar preocupados e a sofrer de depressão. Os cristãos talvez até se preocupem com sua posição perante Deus. Mas voltar-se para Jeová em busca de ajuda, de modo regular, freqüente e espontâneo, pode fazer maravilhas. Paulo escreveu: “Não estejais ansiosos de coisa alguma, mas em tudo, por oração e súplica, junto com agradecimento, fazei conhecer as vossas petições a Deus; e a paz de Deus, que excede todo pensamento, guardará os vossos corações e as vossas faculdades mentais por meio de Cristo Jesus.” — Filipenses 4:6, 7.
Suplicar significa apelar com sinceridade, implorar a ajuda de Deus e derramar o coração perante ele como faria uma criança ao pai muito amoroso e compreensivo. Orações assim não são tiradas de livros nem são repetidas mecanicamente. Procedem de corações que necessitam de ajuda e têm genuína fé em Jeová, o “Ouvinte de oração”. — Salmo 65:2.
[Nota(s) de rodapé]
A palavra traduzida por “[dizer] as mesmas coisas vez após vez” (bat‧ta‧lo‧gé‧o) é usada só uma vez na Bíblia e significa “‘balbuciar’, no sentido de procurar alcançar êxito na oração acumulando repetições”. — Theological Dictionary of the New Testament.

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