sexta-feira, 2 de março de 2012

“Por que Deus levou meu filho?”

A MORTE dum filho é devastadora para qualquer pai ou mãe. É uma tremenda provação que simples palavras não conseguem apagar. Mas, se a leitora ou o leitor sofreu tal perda e está-se perguntando se Deus levou seu filho, então está laborando em uma concepção errada que talvez somente aumente sua angústia. Precisa conhecer a verdade: Deus não levou seu filho.
Todavia, muitos crêem exatamente o contrário. Uma senhora, por exemplo, olhava inconsolavelmente para um caixão aberto; dentro dele jazia seu filho de 17 anos, com cabelos ralos, devido aos tratamentos que fracassaram em curar seu câncer. Ela se virou para um visitante e disse, trêmula: “Deus queria que Tomás estivesse com Ele no céu.” Sendo católico-romana, foi isto que freqüentar a igreja por muitos anos lhe havia ensinado. Há muito que os protestantes também culpam a Deus pela morte de crianças. O renomado reformador protestante, João Calvino, lamentou-se depois da morte de seu filho, apenas com duas semanas de vida: “O Senhor certamente nos infligiu uma amarga ferida pela morte de nosso filhinho.”
De acordo com uma antiga fábula judia, os gêmeos de um rabino morreram quando ele estava ausente. Quando ele voltou e perguntou pelos seus filhos, sua esposa lhe disse: “Se lhe fossem emprestadas duas jóias preciosas e lhe fosse dito que poderia usufruí-las enquanto estivessem em seu poder, poderia negar-se quando o emprestador pedisse a devolução delas?” Ele respondeu: “Certamente que não!” Daí, ela lhe mostrou seus dois filhos mortos e simplesmente disse: “Deus quis a devolução de suas jóias.”
Não É Confortador nem É Bíblico
É o Criador realmente tão cruel que ele caprichosamente infligiria a morte a filhos, sabendo que isso despedaça o coração de seus pais? Não, não o Deus da Bíblia; segundo 1 João 4:8: “Deus é amor.” Observe que não diz que Deus tem amor, ou que Deus é amoroso, mas que Deus é amor. Tão intenso, tão puro, tão perfeito é o amor de Deus, tão cabalmente ele permeia sua personalidade e suas ações, que Ele poderia corretamente ser mencionado como a própria personificação do amor. Não se trata dum Deus que mata crianças ‘porque quis a devolução de suas jóias’.
Pelo contrário, Deus ama as crianças, intensa e altruisticamente. Jesus Cristo, alguém de quem cada palavra e ação refletia a personalidade de seu Pai celeste, tinha caloroso interesse pessoal pelas crianças. Certa vez abraçou uma criancinha e ensinou a seus discípulos que eles deviam ter similar inocência e humildade infantis. (Mateus 18:1-4; Marcos 9:36) Séculos antes, Jeová havia ensinado a seu povo que encarasse os filhos como preciosos e que treinasse, ensinasse e cuidasse deles concordemente. (Deuteronômio 6:6, 7; Salmo 127:3-5) Ele deseja famílias unidas em vida, e não separadas na morte.
“Então, Por Que Meu Filho Morreu?”
Muitos acham que, uma vez que Deus é todo-poderoso, ele deve estar nos bastidores, controlando tudo que acontece neste mundo, inclusive a morte de crianças. Mas não precisa ser necessariamente assim. Quando Jó perdeu todos os dez filhos num único desastre, ele achou que Jeová tinha trazido esta terrível calamidade sobre ele. Não sabia o que a Bíblia nos revela, a saber, que um adversário sobre-humano de Deus, chamado Satanás, estava realmente por trás das cenas nesse caso, tentando forçar Jó a abandonar a fé no seu Criador. — Jó 1:6-12.
Similarmente, a maioria das pessoas, hoje em dia, não tem a menor idéia da amplitude da influência de Satanás no mundo. A Bíblia revela que Satanás, e não Jeová, é o governante deste sistema de coisas corrupto. Como diz 1 João 5:19: “O mundo inteiro jaz no poder do iníquo.” Não se deve culpar Jeová por todos os acontecimentos trágicos deste mundo. Ele não levou o seu filho.
Significa, então, que Satanás levou o seu filho? Não diretamente. Lá no Éden, o homem se colocou sob a regência de Satanás ao se rebelar contra Deus. Ele assim perdeu o dom da vida eterna e saudável para si e todos os seus filhos. (Romanos 5:12) Em resultado, vivemos num sistema mundial alienado de Deus, mundo em que temos de enfrentar aquilo que a Bíblia chama de “o tempo e o imprevisto”, as reviravoltas inesperadas e amiúde trágicas da vida. (Eclesiastes 9:11) Satanás está “desencaminhando toda a terra habitada”. (Revelação [Apocalipse] 12:9) Seu interesse principal é desviar as pessoas de Deus. Assim, ele espalha mentiras horrorosas sobre Deus. Uma de tais mentiras é a de que Deus usa a morte para retirar os filhos de junto dos pais.
“Que Esperança Existe Para Meu Filho?”
Em vez de culpar a Deus, os pais que perderam um filho necessitam voltar-se para o conforto que Deus lhes oferece na Bíblia. A religião falsa tem deixado muitas pessoas confusas quanto a onde estão seus filhos falecidos e qual é a condição deles. Céu, inferno, purgatório, Limbo — estas várias outras destinações variam do incompreensível ao claramente aterrorizante. A Bíblia, por outro lado, diz-nos que os mortos estão inconscientes, numa condição que é melhor comparada ao sono. (Eclesiastes 9:5, 10; João 11:11-14) Assim, os pais não se precisam preocupar quanto ao lugar que seus filhos talvez possam ir ao morrer, assim como não se preocupariam ao ver seus filhos dormindo profundamente. Jesus mencionou uma época em que “todos os que estão nos túmulos memoriais” ‘sairiam deles’ para uma vida renovada numa Terra paradísica. — João 5:28, 29; Lucas 23:43.
Na verdade, essa reluzente esperança não retira da morte toda a sua tragédia. O próprio Jesus ficou muito triste e chorou pela morte de seu amigo Lázaro — e isso se deu poucos minutos antes de ele o ressuscitar! Pelo menos, então, a morte nem sempre é definitiva. Tanto Jesus como seu Pai, Jeová, odeiam a morte. A Bíblia chama a morte de o “último inimigo”, e diz que ela será “reduzida a nada”. (1 Coríntios 15:26) No vindouro Paraíso, quando a regência de Satanás for coisa do passado, a morte já terá desaparecido para sempre. Suas vítimas inocentes serão recuperadas pela ressurreição. Daí, então, quando os pais voltarem a reunir-se aos filhos que perderam na morte, poderemos finalmente dizer: ‘Morte, onde está teu aguilhão?’ — Oséias 13:14.

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