sexta-feira, 2 de março de 2012

Por que temer um Deus de amor?

“FELIZ O HOMEM QUE TEME A JEOVÁ.” — Salmo 112:1.
SE “Deus é amor”, como a Bíblia o descreve, por que se deveria temê-lo? (1 João 4:16) Em geral, considera-se o amor e o temor incompatíveis. Assim, que papel o temor deve desempenhar em nossa relação com Deus? Por que temer um Deus de amor? Uma análise detalhada de como as palavras “temer” e “temor” são usadas na Bíblia pode nos ajudar a entender melhor o assunto.
Na maioria dos idiomas, uma única palavra pode ter vários sentidos, dependendo do contexto. Por exemplo, em alguns idiomas pode-se dizer: “Adoro sorvete” e também: “Adoro a Deus.” Há uma diferença muito grande de intensidade e de sentido da palavra “adorar”, conforme usada nessas duas frases. De modo similar, a Bíblia fala de tipos diferentes de temor. Quando usada em relação à adoração a Deus, essa palavra não tem o sentido de terror, pavor ou medo de ser punido. Ao contrário, o temor de Deus gera sentimentos positivos: admiração, reverência e profundo respeito. Essas emoções nobres estão ligadas ao amor e ao achego a Deus, não ao desejo de fugir ou de se esconder Dele.
O temor de Deus não dá lugar ao temor mórbido, opressivo. Sobre o homem que teme a Deus, o salmista escreveu: “Não terá medo, nem mesmo de más notícias. Seu coração é firme, feito confiante em Jeová.” (Salmo 112:7) Nenhuma ameaça de homens perversos, nem mesmo do próprio Satanás, pode sobrepujar nosso profundo respeito e reverência a Jeová. (Lucas 12:4, 5) Nem devemos ter medo de nos aproximar de Deus em oração. Em vez disso, nesse contexto, o “amor lança fora o temor”. — 1 João 4:18.
Os céus e a grandiosidade de Deus
O Rei Davi, do passado, era um homem temente a Deus. Ficava admirado ao contemplar a beleza e a complexidade da criação. Declarou: “Elogiar-te-ei porque fui feito maravilhosamente, dum modo atemorizante. Teus trabalhos são maravilhosos, de que minha alma está bem apercebida.” (Salmo 139:14) Contemplando o céu noturno, ele disse: “Os céus declaram a glória de Deus.” (Salmo 19:1) Acha que Davi ficou apavorado com essa experiência? Ao contrário, ela o induziu a cantar louvores a Jeová.
Visto que atualmente sabemos muito mais sobre os céus, temos razões ainda maiores para sentir admiração. Ultimamente, com o auxílio do Telescópio Espacial Hubble, os astrônomos têm vasculhado profundamente os céus e observado coisas que nenhum humano jamais tinha visto. Eles escolheram uma parte do céu que, vista pelos telescópios em terra, parecia vazia, e focalizaram o Hubble numa área do tamanho aproximado de um grão de areia. A foto que tiraram estava repleta, não de estrelas individuais, mas de galáxias, enormes sistemas constituídos de bilhões de estrelas, nunca vistas pelo homem!
A magnitude, o mistério e as maravilhas do Universo causam admiração no observador atento. Porém, essas maravilhas são meros reflexos da glória e do poder do Criador. A Bíblia chama Jeová Deus de “Pai das luzes celestiais” e nos diz que “ele está contando o número das estrelas; a todas elas chama pelos seus nomes”. — Tiago 1:17; Salmo 147:4.
A imensidão do Universo é também percebida pelo tempo decorrido entre os eventos celestes. A luz das galáxias fotografadas pelo Telescópio Espacial Hubble tinha viajado pelo espaço durante bilhões de anos! Nossa fugacidade e pequenez em comparação com a permanência dos céus não nos deixa admirados e com senso de profunda reverência por Aquele que fez as estrelas? (Isaías 40:22, 26) Quando nos damos conta de que o Deus que criou tudo isso também ‘se lembra do homem mortal e toma conta dele’, nossa estima pelo Criador aumenta e isso faz com que desejemos conhecê-lo e agradá-lo. (Salmo 8:3, 4) Esse sublime respeito e apreço é o que a Bíblia chama de temor de Deus.
Um Deus perdoador
Todos somos imperfeitos. Mesmo quando tentamos fazer o que é direito, pecamos sem querer. Quando isso acontece, devemos ficar apavorados com a possibilidade de perder o favor de Deus? O salmista escreveu: “Se vigiasses os erros, ó Jah, ó Jeová, quem poderia ficar de pé? Pois contigo há o verdadeiro perdão, a fim de que sejas temido.” (Salmo 130:3, 4) O fato de que o ‘Grandioso que nos Fez’ é tão bondoso e perdoador gera profundo apreço e reverência em seus adoradores. — Isaías 54:5-8.
O temor de Deus nos motiva a fazer o que é bom e também a refrear-nos de fazer o que Ele diz ser mau. Nossa relação com o Pai celestial é comparável à que existe entre um bondoso pai humano e seus filhos. Os filhos talvez nem sempre se lembrem de por que o pai os proibiu de brincar na rua. Mesmo assim, quando sentem o impulso de correr atrás da bola pelo meio da rua, lembram-se da proibição do pai e não cedem ao impulso, o que talvez lhes salve a vida. De modo similar, o temor que um adulto sente de Jeová pode impedi-lo de cometer um ato que poderia arruinar tanto a sua vida como a de outros. — Provérbios 14:27.
Temor do julgamento de Deus
Em contraste, uma pessoa cuja consciência não a impede de desagradar a Deus tem motivos para ter um tipo bem diferente de medo. Assim como os governos humanos punem os criminosos, Deus tem o direito de agir contra transgressores deliberados e impenitentes. Visto que Deus permitiu a maldade temporariamente, alguns se tornaram empedernidos num proceder errado. Mas a Bíblia mostra claramente que em breve ele eliminará da Terra todos os perversos. (Salmo 37:9, 10; Eclesiastes 8:11; 1 Timóteo 5:24) Os iníquos impenitentes têm razão para temer a punição de Deus. Contudo, esse tipo de temor não é o que a Bíblia recomenda.
Em vez disso, a Bíblia associa o temor de Jeová com as coisas boas da vida: cânticos, alegria, confiança, sabedoria, longevidade, prosperidade, esperança e paz, para mencionar apenas algumas. Se continuarmos andando no temor de Jeová, desfrutaremos dessas bênçãos para sempre. — Deuteronômio 10:12-14.
[Nota(s) de rodapé]
O dicionário Aurélio define assim “adorar”: “1. Render culto a (divindade) . . . 4. Fam. Gostar muitíssimo de; ter grande predileção a.”
Note Êxodo 15:11; Salmo 34:11, 12; 40:3; 111:10; Provérbios 10:27; 14:26; 22:4; 23:17, 18; Atos 9:31.

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