sexta-feira, 2 de março de 2012

São os judeus o povo escolhido de Deus?

O ESTABELECIMENTO duma pátria judaica, em 1948, foi um acontecimento traumático para os teólogos da cristandade. Durante séculos, muitos tinham ensinado que os judeus estavam condenados a perambular, ou errar pela Terra, devido ao seu pecado contra Cristo, e agora o “judeu errante” não mais ficaria errando.
À medida que os eventos correntes no Oriente Médio continuam a focalizar a atenção sobre o povo judeu, suscitam-se agora indagações sobre questões há muito consideradas resolvidas. São os judeus ainda o povo escolhido de Deus? Está Deus atualmente demonstrando favor especial aos judeus?
Séculos atrás, Deus disse aos israelitas: “Se obedecerdes estritamente à minha voz e deveras guardardes meu pacto, então vos haveis de tornar minha propriedade especial dentre todos os outros povos, pois minha é toda a terra. E vós mesmos vos tornareis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” (Êxodo 19:5, 6) Todas as nações pertencem a Deus, mas os israelitas poderiam tornar-se sua propriedade especial, vindo por fim a servir como sacerdotes a favor de toda a humanidade.
Mas era incondicional este relacionamento especial com Deus? Não! Deus havia dito: “Se obedecerdes estritamente à minha voz . . . então vos haveis de tornar minha propriedade especial.” Assim, continuarem numa relação escolhida com Deus era condicional, dependia de sua contínua fidelidade a ele.
Vigorosa Ilustração
Isto foi sublinhado por eventos do oitavo século AEC, nos dias do profeta Oséias. Apesar de serem especialmente favorecidos, como povo escolhido de Deus, a maioria dos israelitas abandonou a verdadeira adoração de Jeová. Qual foi a reação de Jeová? “Não mais terei misericórdia para com a casa de Israel, porque positivamente os levarei embora. . . . Vós [homens] não sois meu povo e eu mesmo mostrarei não ser vosso.” (Oséias 1:6, 9) Assim, aqueles israelitas apóstatas não permaneceriam no favor de Deus. Apenas um fiel restante algum dia teria o privilégio de ser restaurado e, de novo, provar as bênçãos divinas. — Oséias 1:10.
Fiel a esta profecia, Deus permitiu que os israelitas fossem levados cativos por seus inimigos e que o templo deles fosse destruído, demonstrando vigorosamente que eles perderam o relacionamento aprovado com Ele. Apenas um fiel restante de israelitas (já então conhecidos como judeus) voltou do cativeiro em 537 AEC, e reconstruiu o templo de Jeová, mais uma vez usufruindo o favor de Jeová, como seu povo escolhido.
Apenas um “Restante” Permanece Fiel
Todavia, nos séculos que se seguiram, os judeus se viram cercados pela influência da filosofia grega — tal como a doutrina platônica da alma imortal — com efeitos catastróficos sobre sua adoração. Tal adoração jamais voltaria a basear-se apenas nos ensinos de Moisés e dos profetas hebreus.
Continuaria Jeová a encarar os judeus como seu povo escolhido? Reconhecendo que muitos mais uma vez haviam apostatado da adoração não-adulterada de Jeová, disse Jesus: “O reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que produza os seus frutos.”(Mateus 21:43) A maioria, deixando de acatar tal aviso, prosseguiu em seu proceder apóstata e rejeitou Jesus como o ungido de Jeová. Assim sendo, não demorou muito para que Deus permitisse que o templo reconstruído fosse destruído, em 70 EC. (Mateus 23:37, 38) Significava isto que Deus estava agora rejeitando todos os judeus?
Como explicou Paulo, um apóstolo judeu de Cristo: “Deus não rejeitou o seu povo, ao qual primeiro reconheceu. . . . Apresentou-se também na época atual um restante, segundo uma escolha devida à benignidade imerecida.” (Romanos 11:2, 5) Assim como muitos poderiam ser convidados para uma cerimônia de casamento, mas apenas poucos talvez comparecessem, Deus tinha convidado a inteira nação judia para um relacionamento especial com ele, mas apenas um restante deles manteve esse apego especial, através de sua fidelidade. A paciência de Deus era deveras uma demonstração de benignidade imerecida!
‘Os Que não São Meu Povo’ Tornam-se “Meu Povo”
A este fiel restante judeu logo se juntaram não-judeus que também desejavam servir a Deus. Embora seus ancestrais não mantivessem um relacionamento especial com ele, Jeová estava então disposto a aceitar estes não-judeus fiéis como seu povo. Observando isto, Paulo escreveu: “Se Deus, pois, . . . chamou[-nos] não somente dentre os judeus, mas também dentre as nações [não-judias], o que tem isso? É conforme ele diz também em Oséias: ‘Aos que não são meu povo, eu chamarei de “meu povo”.’” — Romanos 9:22-25.
Assim, tanto os judeus como os não-judeus poderiam ser o povo escolhido de Deus, tendo a perspectiva de servir como sacerdotes a favor dos demais da humanidade. Falando aos fiéis adoradores de várias formações nacionais, escreveu o apóstolo cristão Pedro, judeu de nascença: “Vós sois ‘raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo para propriedade especial’ . . . Porque vós, outrora, não éreis povo, mas agora sois povo de Deus.” (1 Pedro 2:9, 10) Esta era a “nação”, o povo com qualidades piedosas, que Jesus disse produziria os ‘frutos do reino de Deus’, e que, assim, gozaria dum relacionamento especial com Jeová. — Mateus 21:43.
Deus procurava a fé e a conduta justa ao selecionar aqueles sacerdotes prospectivos, e não alguma ascendência especial. Conforme Pedro tinha comentado: “Deus não é parcial, mas, em cada nação, o homem que o teme e que faz a justiça lhe é aceitável.” — Atos 10:34, 35.
Assim, Deus não mais concede favor especial a pessoa alguma à base de seu nascimento. Ele concede a pessoas de todas as formações nacionais a oportunidade de travar uma relação com ele. Que nós mostremos estar desejosos de ser o povo de Deus, pela nossa fé e pela nossa conduta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário