sexta-feira, 2 de março de 2012

Maria é a “mãe de Deus”?

PROCURAMOS REFÚGIO SOB A PROTEÇÃO DE TUAS MISERICÓRDIAS, Ó MÃE DE DEUS; NÃO REJEITES NOSSA SÚPLICA NA NECESSIDADE, MAS SALVA-NOS DA PERDIÇÃO, Ó TU QUE ÉS A ÚNICA BENDITA.”
ESSA oração resume os sentimentos de milhões de devotos de Maria, a mãe de Jesus Cristo. Para os devotos, ela é uma figura materna, benévola, que intercede por eles junto a Deus e de algum modo abranda as sentenças divinas contra eles.
No entanto, será que Maria é mesmo a “Mãe de Deus”?
Maria: “altamente favorecida” por Deus
Maria, sem dúvida, foi “altamente favorecida” — mais do que qualquer outra mulher que já viveu. (Lucas 1:28; The Jerusalem Bible) O anjo Gabriel lhe apareceu e lhe falou de quão privilegiada ela seria. “Eis”, disse ele, “que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo”. Como esse milagre foi possível? Gabriel continuou: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus.” — Lucas 1:31, 32, 35, A Bíblia de Jerusalém.
“Eu sou a serva do Senhor”, disse Maria, “faça-se em mim segundo a tua palavra”. (Lucas 1:38, BJ) Maria sujeitou-se humildemente a essa orientação divina e com o tempo deu à luz Jesus.
Nos séculos seguintes, porém, seus devotos a elevaram da posição de humilde “serva do Senhor” para a de “rainha-mãe”, com uma influência imensa nos céus. Os líderes da Igreja proclamaram-na oficialmente “Mãe de Deus” em 431 EC, no Concílio de Éfeso. O que levou a essa transformação? O Papa João Paulo II explica um fator: “A verdadeira devoção à Mãe de Deus . . . acha-se profundamente arraigada no Mistério da Santíssima Trindade. — Cruzando o Limiar da Esperança.
De modo que aceitar Maria como “Mãe de Deus” depende de se acreditar na Trindade. Mas é a doutrina da Trindade um ensino bíblico? Queira examinar o que o apóstolo Pedro escreveu na Bíblia. Ele avisou que “falsos doutores . . . introduzirão sorrateiramente doutrinas perniciosas [e] vos explorarão com discursos mentirosos”. (2 Pedro 2:1, 3, Bíblia — Tradução Ecumênica) Uma dessas doutrinas é o ensino da Trindade. Uma vez aceita, a idéia de que Maria era a “Mãe de Deus” (grego: Theotokos, que significa Genetriz de Deus) era bem lógica. No livro The Virgin (A Virgem), Geoffrey Ashe declara que “se Cristo era Deus, a Segunda Pessoa da Trindade”, como arrazoavam os trinitaristas, “então sua mãe, em sua manifestação humana, era a Mãe de Deus”.
Se Jesus fosse “Deus todo inteiro”, como declara o novo Catecismo da Igreja Católica, então seria correto chamar Maria de “Mãe de Deus”. É preciso dizer, porém, que muitos dos primeiros trinitaristas acharam difícil aceitar esse ensino quando ele foi proposto — do mesmo modo como os protestantes trinitaristas de hoje. Ele já foi chamado de “paradoxo da devoção, ‘aquele que os céus não podiam conter estava contido na sua madre’”. (The Virgin) — Note 1 Reis 8:27.
Mas é Jesus Cristo realmente “Deus todo inteiro”? Não, ele jamais afirmou isso. Antes, sempre reconheceu sua subordinação ao Pai. — Veja Mateus 26:39; Marcos 13:32; João 14:28; 1 Coríntios 15:27, 28.
‘Deveis prestar um culto racional’
A Bíblia incentiva os cristãos a usar o raciocínio na adoração. Não pede que tenhamos fé cega num dogma disfarçado de mistério. Em vez disso, o apóstolo Paulo diz que devemos prestar a Deus um “culto racional”. — Romanos 12:1, Missionários Capuchinhos.
“Nunca ninguém nos incentivou a pensar nisso”, diz Anne, criada no catolicismo. “Nunca questionamos isso. Simplesmente críamos que Jesus fosse Deus, então Maria era a ‘Mãe de Deus’ — era a coisa mais estranha!” Lembre-se de que o Catecismo da Igreja Católica diz que cada membro da “Unidade divina” é “Deus todo inteiro”. Afirma que não existem três deuses separados. Devemos crer, então, que ao passo que as células no ventre de Maria se dividiam e redividiam, o “Deus todo inteiro” estava contido dentro de um embrião e que durante o primeiro mês de gravidez ele cresceu até atingir só uns seis milímetros e que tinha apenas olhos e ouvidos rudimentares?
Tenha em mente que o anjo Gabriel disse a Maria que seu filho seria chamado de “Filho do Altíssimo” e “Filho de Deus”, não de “Deus Filho”. Se Jesus fosse realmente o Deus Todo-Poderoso, por que o anjo Gabriel não usou o mesmo termo usado pelos trinitaristas hoje — “Deus Filho”? Gabriel não usou o termo porque esse ensino não existe na Bíblia.
É claro que o nosso entendimento das obras de Deus é limitado. Mas o entendimento correto das Escrituras nos ajuda a crer que o Deus Todo-Poderoso, o Criador de toda a vida, teve o poder necessário para transferir milagrosamente a vida de seu filho amado, Jesus Cristo, para dentro do ventre de Maria e proteger seu desenvolvimento por meio da Sua força ativa, ou espírito santo, até que Maria se tornasse a mãe de Jesus — o Filho de Deus.
Maria foi grandemente abençoada como a mãe daquele que se tornou o Cristo. Não é desrespeitoso aceitar que o ensino claro da Bíblia — inclusive a narrativa que fala da própria humildade de Maria — proíbe que lhe atribuamos o título “Mãe de Deus”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário