sexta-feira, 2 de março de 2012

É antiquado o Velho Testamento?

▪ “O Velho Testamento prega o ódio e a vingança, ‘olho por olho e dente por dente’. Tudo isso foi substituído pelo Novo Testamento, que ensina o amor e o perdão.”
▪ “O Velho Testamento simplesmente não é relevante para os cristãos modernos, assim sendo, não é mais necessário lê-lo!”
JÁ SE pegou alguma vez repetindo as acusações acima, ou ouviu outrem apresentá-las? Está o Velho Testamento (Escrituras Hebraicas) realmente morto, sendo antiquado, e tendo sido substituído pelo Novo Testamento (Escrituras Gregas Cristãs)? O que diz a própria Bíblia?
É interessante que o Novo Testamento deveras indica que o pacto da Lei, um contrato que Deus fez com o antigo Israel, tornou-se obsoleto e, assim, não é obrigatório para os cristãos. (Efésios 2:15; Hebreus 8:13) Este pacto da Lei acha-se incluído no Velho Testamento. Mas o Velho Testamento abrange muito mais do que o pacto da Lei!
Há três componentes do Velho Testamento que o tornam importante para você. Quais são? (1) História relevante, (2) poesia edificante, e (3) profecias que inspiram fé, sendo todos estes de imenso valor para os cristãos hodiernos. Considere só como isto se dá.
História Bíblica
Os primeiros 17 livros do Velho Testamento, de Gênesis a Ester, incorporam um registro histórico dos modos como Deus lidou com o homem, desde a criação deste até o quinto século AEC. Mas isto não é simples história morta! Como escreveu o apóstolo cristão Paulo: “Ora, estas coisas [descritas no Velho Testamento] lhes aconteciam como exemplos e foram escritas como aviso para nós [cristãos], para quem já chegaram os fins dos sistemas de coisas.” — 1 Coríntios 10:11.
Por que encarava Paulo esta história como pertinente para os cristãos, apesar de terem decorrido séculos? Dito de forma bem simples: Porque, assim como a natureza humana não mudou com o passar dos anos, tampouco o próprio Deus mudou. (Malaquias 3:6) Tiago, o discípulo cristão, disse a respeito de Jeová Deus: “Com [ele] não há variação da virada da sombra.” (Tiago 1:17) A sombra projetada pelo sol varia de um mínimo, ao meio-dia, até seu limite máximo, ao pôr-do-sol. Mas Jeová é diferente; sua personalidade é imutável.
Assim, podemos aprender muita coisa da história sobre os modos como Jeová lidou com os patriarcas, com Israel no mar Vermelho e no deserto, e com muitos outros povos. Por exemplo, assim como Deus ficava ofendido quando os israelitas praticavam a idolatria ou cometiam fornicação, assim também ele se desagrada quando os cristãos se empenham em tal conduta. (1 Coríntios 10:1-12) Até o pacto da Lei, embora não seja obrigatório para os cristãos, fornece valioso conhecimento penetrante da personalidade de Jeová, através de seus princípios subjacentes.
A Poesia e a Profecia Bíblicas
Os próximos cinco livros, de Jó até O Cântico de Salomão, são livros poéticos. Mas estes livros são muito mais do que simplesmente uma boa literatura, pois seu conteúdo é espiritualmente edificante, e, muitas vezes, baseia-se em eventos históricos. Quem é que nunca ficou emocionado com os Salmos? E quem não consegue ver os conselhos práticos, contidos no livro de Provérbios, sobre a honestidade, o ciúme, e outros assuntos relativos às emoções humanas? (Provérbios 11:1; 14:30) Sem dúvida, estes livros são proveitosos hoje, assim como eram quando foram escritos.
Os últimos 17 livros do Velho Testamento, de Isaías a Malaquias, são livros proféticos. Contêm as proclamações dos antigos profetas hebreus, e fornecem vívidas descrições da vinda terrestre do Messias, com séculos de antecedência. Os relatos dos Evangelhos, no Novo Testamento, mostram o cumprimento de dezenas destas profecias, até mesmo nos mínimos detalhes. Por certo, uma consideração da exatidão destas profecias fortalece nossa fé em Jesus Cristo, como aquele que foi enviado por Deus para libertar a humanidade!
É Contraditório?
Mas será possível conciliar as diferenças entre o Velho Testamento e o Novo Testamento? Ilustremos: Um pai pode disciplinar seus dois filhos de forma diferente, porque cada filho tem personalidade distinta. Similarmente, o tom dos conselhos — contidos no Velho Testamento — dados por Jeová a Israel, uma nação de pessoas dedicadas a Ele desde que nasceram, teria de diferir do tom dos conselhos encontrados no Novo Testamento, para a congregação cristã, um grupo de pessoas devotadas a ele por livre escolha.
Assim, um exame detido da Bíblia mostra que estas duas seções não são contraditórias, mas, em vez disso, que elas se complementam. Ambas as partes são necessárias para que ‘o homem de Deus seja plenamente competente’. — 2 Timóteo 3:16, 17.
Por exemplo, será que o Velho Testamento realmente dá margem à vingança pessoal, enquanto que o Novo Testamento condena isto? De jeito nenhum! Ambos recomendam o amor para com os inimigos da pessoa, indicando que a vingança está reservada para Deus. (Compare Deuteronômio 32:35, 41 e Provérbios 25:21, 22 com Romanos 12:17-21.) Com efeito, quando o Velho Testamento fala de ‘olho por olho e dente por dente’, ele não está tratando da retaliação pessoal, mas sim da compensação justa, segundo imposta por um autorizado tribunal de justiça. — Êxodo 21:1, 22-25.
Não, o Velho Testamento não é obsoleto nem contraditório. A Bíblia testifica que o Velho Testamento é tão vivo e tão relevante para os cristãos hoje quanto o Novo Testamento. Lembre-se das palavras de Jesus Cristo: “O homem tem de viver, não somente de pão, mas de cada pronunciação procedente da boca de Jeová.” E isso inclui não só as Escrituras Gregas Cristãs, mas também as Escrituras Hebraicas. — Mateus 4:4; compare com Deuteronômio 8:3.

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