sexta-feira, 2 de março de 2012

Será que a Bíblia discrimina as mulheres?

TERTULIANO, teólogo do terceiro século, descreveu as mulheres como “o portão do Diabo”. Outros têm usado a Bíblia para retratar as mulheres como menos importantes que os homens. Em resultado disso, muitas pessoas acham que a Bíblia discrimina as mulheres.
Elizabeth Cady Stanton, pioneira na luta pelos direitos das mulheres no século 19 nos Estados Unidos, concluiu que “a Bíblia e a Igreja têm sido os maiores obstáculos na questão da emancipação feminina”. Sobre os primeiros cinco livros da Bíblia, ela disse certa vez: “Não conheço nenhum outro livro que ensine a sujeição e a degradação das mulheres de forma tão categórica.”
Embora hoje em dia alguns talvez tenham pontos de vista extremos como esse, muitos ainda acham que algumas partes da Bíblia apóiam a discriminação contra as mulheres. Será que essa opinião tem fundamento?
Como as Escrituras Hebraicas encaram as mulheres
“Terás desejo ardente de teu esposo, e ele te dominará.” (Gênesis 3:16) Os críticos indicam isso como um julgamento da parte de Deus contra Eva e uma aprovação divina do domínio do homem sobre a mulher. No entanto, em vez de declarar o propósito de Deus, essa afirmação mostra claramente as tristes conseqüências do pecado e da rejeição à soberania divina. O abuso contra as mulheres é resultado direto da imperfeição humana, não da vontade de Deus. De fato, em muitas culturas as esposas são dominadas pelos maridos, geralmente de forma muito rude. Mas essa não era a intenção de Deus.
Tanto Adão como Eva foram feitos à imagem de Deus. Além disso, receberam dele as mesmas instruções para serem fecundos, encher a Terra e sujeitá-la. Deviam trabalhar juntos, como uma equipe. (Gênesis 1:27, 28) É claro que, naquele tempo, nenhum dos dois dominava o outro cruelmente. Gênesis 1:31 diz: “Deus viu tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom.”
Em alguns casos, os relatos bíblicos não indicam qual o conceito de Deus sobre determinado assunto. Podem ser apenas narrativa histórica. O relato sobre Ló oferecer suas duas filhas aos sodomitas não menciona se aquilo era moralmente aceitável e qual era a opinião de Deus sobre o assunto. — Gênesis 19:6-8.
O fato é que Deus odeia todas as formas de exploração e abuso. (Êxodo 22:22; Deuteronômio 27:19; Isaías 10:1, 2) A Lei mosaica condenava o estupro e a prostituição. (Levítico 19:29; Deuteronômio 22:23-29) O adultério era proibido, e a punição para as duas pessoas envolvidas era a morte. (Levítico 20:10) Em vez de discriminar as mulheres, a Lei as dignificava e protegia contra a exploração comum nas nações vizinhas. A esposa judia capaz era uma pessoa muito respeitada e valorizada. (Provérbios 31:10, 28-30) O fracasso dos israelitas em seguir as leis de Deus na questão de mostrar respeito pelas mulheres era culpa deles, não a vontade de Deus. (Deuteronômio 32:5) Por fim, Deus julgou e puniu toda a nação por sua flagrante desobediência.
Sujeição significa discriminação?
Qualquer sociedade só funciona bem quando há ordem, o que exige administração de autoridade. O contrário disso é o caos. “Deus não é Deus de desordem, mas de paz.” — 1 Coríntios 14:33.
O apóstolo Paulo descreve o princípio da chefia na família: “A cabeça de todo homem é o Cristo; por sua vez, a cabeça da mulher é o homem; por sua vez, a cabeça do Cristo é Deus.” (1 Coríntios 11:3) Toda pessoa, exceto Deus, está sujeita a alguma autoridade. Será que por Jesus ter um cabeça significa que ele é discriminado? Claro que não! O fato de os homens terem sido biblicamente designados para tomar a dianteira na congregação e na família não quer dizer que as mulheres estão sendo discriminadas. Para prosperar, tanto a família como a congregação precisam de homens e mulheres que desempenhem seus respectivos papéis com amor e respeito. — Efésios 5:21-25, 28, 29, 33.
Jesus sempre tratava as mulheres com respeito. Ele se recusava a seguir as tradições e as regras discriminatórias ensinadas pelos fariseus. Conversava com mulheres que não eram judias. (Mateus 15:22-28; João 4:7-9) Ele ensinava as mulheres. (Lucas 10:38-42) Protegia-as de ser abandonadas. (Marcos 10:11, 12) Talvez a atitude mais revolucionária para a época de Jesus foi ele ter aceito mulheres no seu círculo de amigos íntimos. (Lucas 8:1-3) Como a personificação perfeita de todas as qualidades divinas, Jesus mostrou que tanto o homem como a mulher têm o mesmo valor aos olhos de Deus. De fato, entre os primeiros cristãos, homens e mulheres receberam a dádiva gratuita do espírito santo. (Atos 2:1-4, 17, 18) Para os ungidos, que têm a perspectiva de servir como reis e sacerdotes com Cristo, não haverá nenhuma distinção de sexo quando forem ressuscitados para a vida celestial. (Gálatas 3:28) Jeová, o autor da Bíblia, não discrimina as mulheres.
[Nota(s) de rodapé]
Veja A Sentinela de 1.° de fevereiro de 2005, páginas 25-6.

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