sexta-feira, 2 de março de 2012

Falar em línguas — provém de Deus?

“DIRETAMENTE, passei a sentir nas mãos uma sensação estranha, e . . . ela começou a pulsar! Era como mil — como dez mil — então como um milhão de volts . . . Falei, por cerca de duas horas, numa língua que não conseguia entender.”
Esta experiência bem representa uma das práticas mais debatidas, que muitos associam hoje com a adoração cristã: falar em línguas. Este assunto tem merecido especial interesse por parte de grupos pentecostais e dos movimentos carismáticos em outras Igrejas.
O Dr. Vinson Synan, da Igreja da Santidade, pentecostal, sublinhou o dilema em que se acham os adoradores sinceros quanto ao papel do falar em línguas. Disse ele: “Falar em línguas é algo embaraçoso para nós.” Por quê? O Dr. Synan observou que falar em línguas, hoje em dia, talvez não pareça ter sentido para nós. “Não importa quão embaraçoso seja”, prosseguiu, “a glossolalia [falar em línguas] é o dom que Deus escolheu, em pontos estratégicos da História, para expandir e renovar a Igreja”. — O grifo é nosso.
Um de tais “pontos estratégicos” foi uma ocorrência assaz incomum uns 1.900 anos atrás.
Por Que as Línguas?
Era o Pentecostes do ano 33 EC. Uma mudança devia ocorrer. Um novo pacto deveria substituir o antigo pacto da Lei, judaico. Por que motivo? Para abrir um melhor caminho para se adorar a Jeová Deus. Como podiam as pessoas ver que a bênção de Deus estava sobre esta mudança na adoração? Ele iria empregar um surto de eventos miraculosos, inclusive o falar em línguas, para mover o coração de pessoas inclinadas para a justiça. Estas veriam que o Deus todo-poderoso de seus antepassados deveras conferia então a Sua aprovação aos discípulos de Jesus.
O dom de línguas cumpriu um outro propósito em Pentecostes. Nos dias de Jesus, não existiam a impressão e a radiodifusão, e os registros escritos não eram costumeiros entre o povo comum. Assim sendo, as boas novas da vontade e do propósito de Deus teriam de ser transmitidas pela língua dos crentes. Adoradores de Jeová tinham vindo para a Festa de Pentecostes, em Jerusalém, procedentes de mais de uma dezena de terras, da África, da Ásia, e da Europa, e falavam diversos idiomas. Cerca de 120 discípulos de Jesus também se haviam reunido em Jerusalém. Tais discípulos, capacitados pelo espírito santo de Deus, principiaram a falar em línguas diferentes. Que maravilhoso banquete de boas novas foi servido a uma multidão de adoradores! Estes puderam ‘ouvi-los falar em suas próprias línguas sobre as coisas magníficas de Deus’. — Atos 2:5-11.
Quão eficaz foi este milagre? Três mil ouvintes se tornaram crentes nesse mesmo dia! (Atos 2:41) Retornando a seus lares distantes, estes novos conversos deram então testemunho sobre a adoração verdadeira “até à parte mais distante da terra”. — Atos 1:8.
Apenas um pouco mais de duas décadas depois de Pentecostes, Paulo avisou que o dom de línguas por fim cessaria. (1 Coríntios 13:8) Por que seria isto razoável? Porque os milagres ocorridos em Pentecostes, como confirmação do cristianismo primitivo, tinham cumprido bem seus objetivos, e não mais eram necessários.
Podemos similarmente encarar o caso ocorrido no monte Sinai, mais de 1.500 anos antes disso. Ali, Deus realizou espetaculares sinais miraculosos a fim de inculcar no povo reunido que o pacto da Lei tinha origem divina. Uma vez aceito tal arranjo pelo povo, estes sinais miraculosos específicos deixaram de ser vistos. — Êxodo 19:16-19.
Línguas Hoje em Dia?
Atualmente, muitos acham que estão sendo ajudados pelo espírito santo de Deus a falar em línguas. Como podemos reconciliar isto com a evidência bíblica de que já cessou o dom de línguas?
O falar em línguas geralmente equivale a jorros altamente emocionais de sons que ninguém entende. Assim, isto não pode provir de Deus. Jesus disse que alguns hipócritas religiosos tentariam ligar o nome dele a tais “obras poderosas”, mas ele rejeitou estes “obreiros do que é contra a lei”. (Mateus 7:21-23) E Paulo profeticamente avisou sobre um tempo futuro em que haveria milagres fraudulentos, ou “sinais e portentos mentirosos”. Assim, “todo engano injusto” é uma especialidade do arquienganador, Satanás, o Diabo. — 2 Tessalonicenses 2:8-10.
Sabia que falar em línguas era parte de certas religiões pagãs da Grécia nos dias de Paulo? Seus ritos misturavam o falar em línguas com práticas tais como retalhar a carne e frenética dança em pêlo. Tais exemplos históricos mostram claramente que o falar em línguas pode ocorrer sob influências que não têm nada de sagrado.
Fala a Razão
Se ainda está inseguro quanto à origem do atual falar extasiante em línguas, pondere sobre 1 João 4:1, que diz: “Amados, . . . provai as expressões inspiradas para ver se se originam de Deus.” Sim, prove-as por meio de sóbrio estudo da Palavra de Deus, junto com pedidos de ajuda, em forma de oração. (Atos 17:11) Certifique-se se tais religiões que falam em línguas hoje estão realmente sendo guiadas a “toda a verdade”. — João 16:13.
Quando os cristãos falavam em línguas no primeiro século, isso edificava os ouvintes. A mensagem inspirada devia ser clara e inteligível. — 1 Coríntios 14:26-28.
Aqueles que agora honram a verdade bíblica estão proferindo expressões que ultrapassam a linguagem que procedeu de línguas inspiradas no dia de Pentecostes há muito tempo. Por que isso se dá? Porque estão anunciando o domínio do Reino de Deus, por meio de Cristo, para toda a humanidade obediente, a uma assistência maior e numa forma permanente. A mensagem deles faz parte do registro escrito da Bíblia, e, diferente do falar em línguas dos cristãos do primeiro século, a Bíblia, no todo ou em parte, acha-se disponível em cerca de 1.800 idiomas.

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