sexta-feira, 2 de março de 2012

Quem vai para o céu?

UM ATENTADO terrorista com bomba destrói um avião de passageiros em pleno vôo, matando todos a bordo. Diz-se aos parentes e amigos das vítimas que seus entes queridos estão agora no céu, como que para compensar sua morte precoce e violenta.
Um músico popular morre, e as pessoas dizem que ele está ‘tocando seu trompete com os anjos no céu’.
Doença, fome ou acidentes encurtam a vida de crianças, e os clérigos dizem que elas agora desfrutam da bem-aventurança celestial, talvez até mesmo como anjos!
Será que Deus está corrigindo as injustiças contra jovens e idosos levando a todos eles para perto de si, em paz celestial? Será que a admissão ao céu é simplesmente o modo de Deus preservar a todos os bons e louváveis da humanidade? Qual é o conceito da Bíblia?
Os que não estão no céu
A expressão da Bíblia é clara: “O quê! Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus?” (1 Coríntios 6:9) Porém, a Bíblia também fala de muitos justos e vítimas de injustiça que não herdam os céus.
O próprio Jesus falou de João, o Batizador, que estava prestes a sofrer martírio: “Deveras, eu vos digo: Entre os nascidos de mulheres não se levantou ninguém maior do que João Batista; mas aquele que é menor no reino dos céus é maior do que ele.” (Mateus 11:11) Todos os meninos de dois anos de idade ou menos, de Belém e de seus distritos, foram impiedosamente chacinados pelo perverso Rei Herodes na tentativa de destruir Jesus, quando este ainda era criança. (Mateus 2:16) Todavia, Jesus disse: “Ademais, nenhum homem [nem mulher nem criança] ascendeu ao céu, senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem [Jesus].” (João 3:13) Por que Jesus não falou dessas vítimas de injustiça como estando no céu?
Jesus abriu o caminho
Jesus chamou a si mesmo de “o caminho e a verdade e a vida”, e o apóstolo Paulo referiu-se a ele como “as primícias dos que adormeceram na morte”. (João 14:6; 1 Coríntios 15:20) Conseqüentemente, ninguém poderia ter precedido a ele no céu. Mas quando Jesus ascendeu realmente ao céu, uns 40 dias depois de sua ressurreição, foi ele seguido por homens de fé, dignos, que já haviam morrido? Cerca de dez dias mais tarde, o apóstolo Pedro disse a respeito do Rei Davi que “ele tanto faleceu como foi enterrado, e o seu túmulo está entre nós até o dia de hoje. Realmente, Davi não ascendeu aos céus”. — Atos 2:29, 34.
Assim, a admissão ao céu é mais do que uma compensação por injustiças sofridas ou mesmo uma recompensa pela fidelidade da pessoa. Antes, é o meio para se formar um corpo de governantes com sede no céu, composto de um número representativo de humanos sob a direção de Cristo, ungidos pelo espírito santo. — Romanos 8:15-17; Revelação (Apocalipse) 14:1-3.
Um reino celestial
Jesus mencionou esse domínio, ou governo, como “o reino dos céus” ou o “reino de Deus”. (Mateus 5:3, 20; Lucas 7:28) Não se intencionava que grandes massas da humanidade fossem incluídas neste corpo administrativo. Assim, Jesus se referiu a este como “pequeno rebanho”. (Lucas 12:32) No idioma original usado nesta parte da Bíblia, a palavra “pequeno” (mi‧krós) é o antônimo de grande (mé‧gas), e seu uso em Lucas 12:32 refere-se a quantidade ou escassez numérica. Portanto, a participação no “reino dos céus” não é para um número ilimitado de pessoas. Para ilustrar: se lhe pedissem que colocasse um pouco de água num copo, você se certificaria de que ele não transbordasse. Assim, também, o “pequeno rebanho” não pode ser composto de um número excessivo de pessoas. O Reino de Deus tem um número determinado (“pequeno”) de co-regentes com Cristo.
O número exato desses governantes, 144.000, foi revelado ao apóstolo João. (Revelação 14:1, 4) Mais no início de Revelação, diz-se que esses governantes são tirados ‘dentre toda tribo, e língua, e povo, e nação, para ser um reino e sacerdotes para Deus’, e que eles hão de reinar desde os céus sobre a terra. (Revelação 5:9, 10) Este corpo administrativo em associação com Jesus Cristo constitui o Reino pelo qual ele ensinou seus seguidores a orar. É também o meio pelo qual se porá fim à má administração da terra, restaurando assim a justiça e a paz ao lar do homem, a terra, bem como a vitalidade eterna a seus habitantes. — Salmo 37:29; Mateus 6:9, 10.
Um corpo seleto de governantes
Visto que a administração humana, que há de ser substituída pelo Reino, está tão cheia de corrupção, não é difícil para nós ver por que os que participarão nesse governo celestial precisam ser cuidadosamente escolhidos e provados por Deus. A situação atual da humanidade pode ser comparada à de centenas de passageiros a bordo de um avião avariado, sob uma tempestade. Nessa situação crítica, desejaria estar nas mãos de uma tripulação jovem e inexperiente? É claro que não! A situação exigiria uma tripulação cuidadosamente escolhida segundo os mais rígidos critérios.
Com respeito aos que servirão no céu com Cristo Jesus, ficamos aliviados de saber que “Deus pôs . . . os membros no corpo, cada um deles assim como lhe agradou”. (1 Coríntios 12:18) O desejo ou a ambição de uma posição no Reino não é o fator determinante. (Mateus 20:20-23) Deus estabeleceu padrões específicos de fé e conduta para barrar a entrada de pessoas indignas. (João 6:44; Efésios 5:5) As palavras iniciais do Sermão do Monte, de Jesus, mostram que os co-regentes de Cristo precisam provar-se de mentalidade espiritual, ser de temperamento brando, amantes da justiça, misericordiosos, puros de coração e pacíficos. — Mateus 5:3-9; veja também Revelação 2:10.
Felizmente, a grande maioria da humanidade, embora não tenha sido escolhida por Deus para fazer parte deste celestial corpo representativo de governantes, não foi deixada sem esperança. Essa grande maioria morará nesta bela terra e usufruirá os benefícios do reinado divino. Vítimas de injustiças, que morreram há muito, serão trazidas de volta à vida para viver junto com os que sobreviverem para ver o Reino de Deus “vir” no mais pleno sentido. A promessa será cumprida: “Os retos são os que residirão na terra e os inculpes são os que remanescerão nela.” — Mateus 6:9, 10; Provérbios 2:21; Atos 24:15.

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