sexta-feira, 2 de março de 2012

Condena Deus o consumo de bebidas alcoólicas?

‘ESQUEÇA o crack [de cocaína], a heroína, o ácido [LSD] e a maconha — o álcool ainda é o maior demônio com que a sociedade tem de lutar. O álcool causa mais mortes e destruição social do que o uso de todos os demais tóxicos combinados.’ Estes foram os sentimentos expressos no 31.° congresso trienal da União Feminina Cristã da Temperança do Mundo, no Canadá, dois anos atrás.
Tais congressistas vêem no crescente consumo de bebidas alcoólicas, em todo o mundo, um estonteante tributo sobre a saúde e as vidas humanas, bem como de milhões de dólares que serão gastos anualmente pelos governos nacionais no combate ao alcoolismo. Convencidas de que Deus condena seu uso, muitas pessoas bem-intencionadas argumentam a favor da proscrição de todas as bebidas inebriantes. Será, porém, que a Bíblia apóia este ponto de vista?
O Consumo de Vinho Mencionado na Bíblia
Deus há muito prometeu a seu povo obediente: “Os teus depósitos de suprimentos se encherão de fartura; e teus tanques de lagar transbordarão de vinho novo.” (Provérbios 3:10) Sim, foi Ele quem nos concedeu a videira que dá frutos, até mesmo provendo diminutas leveduras que revestem a uva à medida que se aproxima a época de produção do vinho.
O processo de produção de vinho excelente foi explicado em parte por Isaías, um profeta de Deus. Prevendo as bênçãos do vindouro novo mundo de justiça, Isaías escreveu: “Jeová dos exércitos há de fazer para todos os povos . . . um banquete de vinhos guardados com a borra, . . . de vinhos guardados com a borra, filtrados.” (Isaías 25:6) Experientes vinicultores sabem que o vinho ‘guardado com a borra’, deixado em repouso por longos períodos durante a fermentação, gradualmente se clarifica, melhorando tanto o buquê como o sabor.
Prazer e Benefícios Para a Saúde?
Deus delineou tanto o prazer como os benefícios para a saúde derivados do vinho. Seu profeta Jotão mencionou o ‘vinho novo que alegra a Deus e os homens’. (Juízes 9:13) O Rei Salomão escreveu sobre ‘animar sua carne até mesmo com vinho’. (Eclesiastes 2:3) E, no relato bem-conhecido da festa de casamento em Caná, Jesus, em seu primeiro milagre, transformou uma grande quantidade de água no “melhor vinho”, para deleite dos convidados à festa de casamento. — João 2:6, 7, 10, Bíblia Vozes.
O reconhecimento, por parte de Jesus, do emprego medicinal do vinho se evidencia em sua ilustração do prestimoso samaritano. Ao atar as feridas do homem machucado, o prestimoso samaritano derramou “azeite e vinho” sobre elas. (Lucas 10:30-34) A recomendação feita pelo apóstolo Paulo ao jovem Timóteo, de ‘usar um pouco de vinho por causa do seu estômago e dos seus freqüentes casos de doença’, harmoniza-se bem com o reconhecimento moderno do valor dietético e medicinal do vinho. — 1 Timóteo 5:23.
O Dr. Salvatore P. Lucia, ex-professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, declarou em seu livro Wine and Your Well-Being (O Vinho e Seu Bem-Estar) que “o vinho não só [é] a mais antiga bebida alcoólica alimentar, mas também o mais importante agente medicinal em uso contínuo por toda a história do homem”. E a nutricionista-pesquisadora Janet McDonald disse que o vinho tomado em quantidades moderadas parece ser eficaz como tranqüilizante brando, como estimulador do apetite e como ajuda para a digestão e para a absorção de minerais contidos nos alimentos ingeridos.
Necessários a Moderação e o Domínio de Si
No entanto, apesar de tais referências favoráveis ao vinho e à bebida inebriante tanto na Bíblia como na medicina secular, o abuso do álcool tem lançado terríveis ais em grande parte da humanidade. Significa isso que Deus é responsável por todas as tragédias que seguiram o rastro do uso incorreto do álcool? Pelo contrário, Deus, em sua Palavra, a Bíblia, forneceu orientações bem abrangentes que governam o uso e o abuso do vinho.
Considere, a título de exemplo, o seguinte forte aviso contra o abuso desta dádiva: “Não venhas a ficar entre os beberrões de vinho, entre os que são comilões de carne.” Por certo, isto não quer dizer que apenas os vegetarianos abstêmios sejam agradáveis a Deus, nem o texto condena os que tomam um pouco de vinho ou comem carne moderadamente. Antes, o aviso da Bíblia é contra os excessos tanto no comer como no beber. Isto é evidente do que outro provérbio declara: “Quem tem ais? Quem tem apreensão? Quem tem contendas? Quem tem preocupação? Quem tem ferimentos sem razão alguma? Quem tem embaciamento dos olhos? Os que ficam muito tempo com o vinho.” — Provérbios 23:20, 29, 30.
Os escritores bíblicos Pedro e Paulo sugeriram a moderação, ao aconselharem os cristãos primitivos a evitar os “excessos com vinho” e a ‘não ficarem embriagados com vinho’. Esta admoestação devia ser levada a sério, como avisou o apóstolo: ‘Os beberrões não herdarão o reino de Deus.’ Em outras palavras, os que abusam habitualmente de bebidas alcoólicas não têm a aprovação de Deus e não obterão a vida eterna. — 1 Pedro 4:3; Efésios 5:18; 1 Coríntios 6:9, 10.
Assim, se os indivíduos não conseguem ter domínio de si no uso do álcool, eles devem abster-se inteiramente dele. (Compare com Mateus 5:29, 30.) Além da deterioração física, a crescente dependência do álcool pode causar graves danos espirituais. Assim sendo, Deus sabiamente nos acautela a não abusarmos das bebidas alcoólicas.
Contrário ao ponto de vista do proibicionista, a Bíblia não exige, ou nem sequer indica, a total abstinência de vinho ou de bebidas alcoólicas para todos. (Deuteronômio 14:26) O salmista diz a respeito de Jeová: “Ele faz brotar capim verde para os animais e vegetação para o serviço da humanidade, a fim de que saia alimento da terra, e vinho que alegra o coração do homem mortal.” Deveras, Deus destinou o vinho para uma finalidade boa e honrosa, quando tomado com moderação. — Salmo 104:14, 15.

Nenhum comentário:

Postar um comentário