sexta-feira, 2 de março de 2012

É justificável Deus empregar a força?

O USO mortal da força bruta sempre esteve presente na história do homem. Segundo certa estimativa, aproximadamente 170 milhões de pessoas foram assassinadas no século 20 pelos seus próprios governos. Como a Bíblia acertadamente declara: o homem sempre domina o homem para o seu prejuízo. — Eclesiastes 8:9.
Em vista do mau uso que o homem faz da força bruta, alguns talvez questionem o uso que Deus faz da força para destruir seus inimigos. Afinal, os judeus não atacaram e mataram os habitantes cananeus da Terra Prometida, obedecendo às ordens diretas de Deus? (Deuteronômio 20:16, 17) E não é o próprio Deus quem diz que vai esmiuçar e pôr termo a todos os reinos inimigos? (Daniel 2:44) Algumas pessoas sinceras têm dúvidas quanto a se o uso da força de Deus é sempre justificado.
Abuso da força
É imprescindível entender que a habilidade de usar força é de suma importância para um governo. A administração que não consegue fazer valer seus decretos é, na realidade, inerte. Por exemplo, quantos estariam dispostos a abdicar da proteção fornecida pela polícia, apesar dos conhecidos abusos? E quem, em sã consciência, argumentaria que não é necessário haver um sistema judiciário com meios de fazer valer suas decisões?
Mohandas (Mahatma) Gandhi, que era reconhecido pela sua aversão à violência, declarou certa vez: “Suponhamos que um homem, possuído de fúria e com uma espada na mão, comece a matar todos com quem cruzar pelo caminho. Ninguém ousaria capturá-lo vivo, mas se alguém conseguir matar esse lunático, vai ganhar a gratidão da comunidade e ser considerado benevolente.” De fato, até mesmo Gandhi via a necessidade de usar a força sob determinadas circunstâncias.
É claro que a habilidade de aplicar a força é um elemento necessário em qualquer sociedade estável. Em geral, quando as pessoas condenam o uso da força, estão, na realidade, condenando o abuso dela. — Eclesiastes 4:1-3.
“Todos os seus caminhos são justiça”
Não há registro na história de que Deus um dia tenha abusado do poder. Jeová não é déspota. Ele quer que o adoremos porque o amamos. (1 João 4:18, 19) Aliás, Deus não usa a força se há uma maneira justa de evitá-la. (Jeremias 18:7, 8; 26:3, 13; Ezequiel 18:32; 33:11) E quando ele decide usar a força, ele sempre avisa com suficiente antecedência para que os envolvidos tomem medidas corretivas, se o quiserem. (Amós 3:7; Mateus 24:14) Pode-se dizer que essas são atitudes de um Deus cruel, déspota?
A força de Deus em ação não tem nada a ver com o abuso de poder injustificado por parte de humanos. “Todos os seus caminhos são justiça”, disse Moisés, “Deus de fidelidade e sem injustiça”. (Deuteronômio 32:4) Diferentemente dos governos de tiranos, a maneira de Deus governar não se baseia em ameaças de uso de força. Em todos os casos envolvendo o uso de força, Jeová o fez em harmonia com o seu perfeito amor, sabedoria e justiça. — Salmo 111:2, 3, 7; Mateus 23:37.
Por exemplo, Deus só destruiu os ímpios no Dilúvio depois de terem sido avisados ao longo de muitos anos. Qualquer um podia se beneficiar da proteção da arca e ter sobrevivido, mas só oito fizeram isso. (1 Pedro 3:19, 20; 2 Pedro 2:5) Nos dias de Josué, Israel executava o julgamento de Deus sobre os corruptos cananeus, algo que havia sido predito mais de 400 anos antes! (Gênesis 15:13-21) Durante todo esse período, era impossível que os cananeus não ficassem sabendo que os israelitas eram evidentemente o povo escolhido de Deus. (Josué 2:9-21; 9:24-27) Mesmo assim, com exceção dos gibeonitas, nenhuma nação cananéia buscou a misericórdia, desperdiçando, portanto, a oportunidade de fazer as pazes. Antes, os cananeus decidiram endurecer o coração para com Deus. — Josué 11:19, 20.
Deus detém autoridade
Para começar a entender o uso que Deus faz da força, temos de encarar uma verdade básica em conexão com a nossa situação perante Deus. “Somos o barro e tu és o nosso Oleiro”, reconheceu humildemente o profeta Isaías. (Isaías 64:8) É evidente que, como o Criador do Universo, Deus pode usar a força da maneira que melhor lhe convier. Podemos dizer, assim como Salomão, em reconhecimento da autoridade de Deus: “A palavra do rei é o poder do controle; e quem lhe pode dizer: ‘Que estás fazendo?’” — Eclesiastes 8:4; Romanos 9:20, 21.
Pelo fato de Deus ser o Criador onipotente, somente ele tem o poder de dar e de tirar a vida. Na verdade, o homem não tem a perspectiva correta sobre isso porque lhe falta conhecimento de causa e o direito de questionar a força que Deus usa. O homem precisa aprender a ajustar o seu modo de pensar ao de Deus. “Não são os vossos caminhos que não são acertados?”, perguntou Jeová. — Ezequiel 18:29; Isaías 45:9.
É o senso de justiça de Jeová e seu amor pelas pessoas que o induzirá a eliminar os que abusam do poder e que de maneira violenta passam por cima dos direitos de outros. O uso da força em ação nesse caso específico é que vai estabelecer condições ideais na Terra para todos os amantes da paz. (Salmo 37:10, 11; Naum 1:9) Portanto, o governo de Deus ficará justificado e será vindicado para sempre. — Revelação (Apocalipse) 22:12-15.

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