sexta-feira, 2 de março de 2012

Os cristãos devem pregar a outros?

A SUA criação ou cultura talvez não lhe permita discutir religião com pessoas que não sejam de sua família ou de seu próprio círculo religioso. Conseqüentemente, quando alguém toma a iniciativa de vir à sua porta com a Bíblia na mão, você tende a ficar irritado. Mas há também os que foram movidos a adotar essa mesma postura depois de lerem, nas páginas da História, como as religiões usaram de violência para converter outros. E isso sob o pretexto de salvar as suas almas!
Conversões em massa estão registradas na história de muitos países. Muitas pessoas se submetiam à conversão, não por amor a Cristo, mas forçadas pela lâmina afiada de uma espada. Outras preferiam se esconder, abandonar casa e país, ou até mesmo perder a vida — às vezes queimadas vivas em estacas — a ser convertidas à religião de seus perseguidores.
As Escrituras Sagradas não apóiam conversões forçadas. Bem, mas nesse caso, o que dizem elas sobre falar a outros sobre as nossas crenças? Não seria esse também um tipo de conversão imposta?
Ensino com autoridade
Analisemos primeiro o modelo estabelecido por Jesus Cristo. A sua magistral arte de ensino movia os ouvintes a mudar de vida. (João 13:13, 15) No Sermão do Monte o seu estilo de ensino foi simples, mas poderoso. Com que efeito? Os ouvintes ficaram ‘assombrados com o seu modo de ensinar; pois ele os ensinava como quem tinha autoridade’. (Mateus 7:28, 29) Isso foi há 2.000 anos! Mas até hoje seus ensinos continuam exercendo forte influência nas pessoas que os examinam. O professor Hans Dieter Betz corrobora esse parecer ao dizer que “a influência exercida pelo Sermão do Monte é tão grande que consegue facilmente transpor as fronteiras do judaísmo, do cristianismo e até mesmo da cultura ocidental”.
Um pouco antes de ascender aos céus, Jesus deu uma ordem a seus discípulos para garantir que a obra de ensino iniciada por ele continuasse e progredisse após a sua morte. (João 14:12) Ele os instruiu a ir a pessoas de todas as nações, “ensinando-as a observar todas as coisas” que ele havia ordenado. O principal objetivo dessa comissão foi esclarecido quando Jesus acrescentou: “Ide, portanto, e fazei discípulos.” — Mateus 28:19, 20; Atos 1:8.
Analise também o exemplo do apóstolo Paulo. Depois de sua conversão ao cristianismo, ele não perdia oportunidades de falar a outros sobre sua nova fé. (Atos 9:17-19, 22) Tinha por hábito falar nas sinagogas provando “com referências que era necessário que o Cristo sofresse e fosse levantado dentre os mortos”. Sabia ‘raciocinar com eles à base das Escrituras’ a fim de ‘persuadir judeus e gregos’. Segundo uma autoridade no assunto, a palavra grega usada para “persuadir” significa “fazer mudar de opinião por meio de análise que apele para a lógica ou à moral”. O resultado da argumentação de Paulo foi ‘persuadir uma multidão considerável, voltando-os para outra opinião’. — Atos 15:3; 17:1-4, 17; 18:4; 19:26.
Coagir ou persuadir?
Em tempos mais recentes, o termo “proselitismo” adquiriu, em alguns lugares, a conotação de conversão forçada. A Bíblia não apóia essa prática. Muito pelo contrário, ela ensina que os homens foram criados com livre-arbítrio, dotados da faculdade e da responsabilidade de escolher como viver a vida. Isso inclui decidir de que forma irão prestar culto a Deus. — Deuteronômio 30:19, 20; Josué 24:15.
Jesus respeitava esse direito dado por Deus. Em nenhuma ocasião ele fez uso de seu extraordinário poder e autoridade para forçar, ou coagir, alguém a aceitar as suas palavras. (João 6:66-69) Ele motivava os ouvintes com raciocínio bem fundado, ilustrações e perguntas de ponto de vista, sempre visando atingir o coração deles. (Mateus 13:34; 22:41-46; Lucas 10:36) Jesus ensinou seus discípulos a ter esse mesmo respeito pelos outros. — Mateus 10:14.
É evidente que Paulo seguia a Jesus como modelo no ministério. Ele persuadia os ouvintes, raciocinando com base nas Escrituras, sem deixar de respeitar os sentimentos e as opiniões deles. (Atos 17:22, 23, 32) Ele estava bem ciente de que é o amor a Deus e a Cristo que nos deve mover a servir ao Criador por meio de obras. (João 3:16; 21:15-17) A nossa decisão, portanto, é individual.
Decisão individual
A pessoa de bom senso, ao tomar grandes decisões na vida, como o tipo de casa para comprar, onde trabalhar e como criar os filhos, não se deixa levar por caprichos, por impulso. Ela analisa as opções, estuda as alternativas e, às vezes, consulta outros. Não decide nada antes de fazer uma boa avaliação dos fatos que tem diante de si.
A decisão de como prestar culto a Deus merece mais tempo e esforço do que qualquer outra decisão na vida. Isso porque ela afetará nossa vida agora e principalmente a perspectiva de vida eterna no futuro. Alguns habitantes de Beréia, no primeiro século, mostraram que estavam bem cientes disso. Apesar de serem instruídos sobre as boas novas pessoalmente pelo apóstolo Paulo, eles faziam questão de se certificar de que seu ensino era a verdade. Como? Examinando as Escrituras diariamente. O resultado foi que “muitos deles tornaram-se crentes”. — Atos 17:11, 12.
Atualmente, as Testemunhas de Jeová continuam a ensinar e a fazer discípulos assim como Jesus ordenou. (Mateus 24:14) Fazem isso sem deixar de mostrar respeito pelo direito das pessoas de ter uma religião. Falam com elas sobre suas crenças religiosas, seguindo o modelo bíblico de usar a Bíblia para uma palestra franca, convictas de que essa é uma obra de salvação. — João 17:3; 1 Timóteo 4:16.

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