sexta-feira, 2 de março de 2012

A Ciência concorda com a Bíblia?

DE AVIÕES e bombas atômicas a células manipuladas geneticamente e à clonagem de ovelhas, o século 20 tem sido uma época dominada pela Ciência. Os cientistas levaram o homem à Lua, erradicaram a varíola, revolucionaram a agricultura e criaram sistemas de comunicações mundiais que ligam bilhões de pessoas instantaneamente. Assim, não admira que, quando os cientistas falam, todos prestem atenção. Mas o que os cientistas têm a dizer sobre a Bíblia, se é que têm algo a dizer? E o que, por sua vez, a Bíblia diz sobre a Ciência?
Será que os milagres são anticientíficos?
“Pessoas de mentalidade científica acreditam no princípio de ‘causa e efeito’. Acham que há uma explicação perfeitamente natural para tudo”, declara uma enciclopédia moderna. Os que estudam a Bíblia também aceitam princípios científicos estabelecidos. Reconhecem, porém, que a Bíblia muitas vezes trata de eventos milagrosos que não podem ser explicados cientificamente segundo o conhecimento atual. Por exemplo, o Sol ficar parado nos dias de Josué, e Jesus caminhar sobre as águas. (Josué 10:12, 13; Mateus 14:23-34) Contudo, esses milagres são explicados como resultado do poder de Deus agindo de forma sobrenatural.
Esse ponto é fundamental. Se a Bíblia afirmasse que as pessoas podem andar sobre a água sem ajuda divina ou que o movimento aparente do Sol pelo céu pode ser interrompido sem motivo algum, isso poderia parecer contradizer fatos científicos. Todavia, quando a Bíblia indica que esses eventos ocorreram pelo poder de Deus, não só ela não contradiz a Ciência como leva a discussão para um campo que a Ciência ainda não entende.
A Bíblia contradiz a Ciência?
Por outro lado, que dizer dos relatos em que a Bíblia fala sobre eventos corriqueiros na vida das pessoas ou fala de passagem sobre plantas, animais ou fenômenos naturais? É interessante que não há nenhum exemplo comprovado de a Bíblia contradizer fatos científicos conhecidos, quando o contexto é levado em conta.
Por exemplo, a Bíblia muitas vezes usa linguagem poética que reflete o ponto de vista das pessoas que viveram há milhares de anos. Quando o livro de Jó fala de Jeová bater e forjar o céu, “duro como um espelho fundido”, ele descreve muito bem os céus como um espelho de metal que produz um reflexo brilhante. (Jó 37:18) Não é preciso tomar a ilustração ao pé da letra, da mesma forma como não entenderia literalmente a ilustração sobre a Terra ter “pedestais de encaixe” ou uma “pedra angular”. — Jó 38:4-7.
Isso é importante porque muitos comentaristas têm tomado essas ilustrações ao pé da letra. (Veja 2 Samuel 22:8; Salmo 78:23, 24.) Chegaram à conclusão de que a Bíblia ensina algo como o seguinte, citado de The Anchor Bible Dictionary:
“Achava-se que a Terra, onde a humanidade habita, era um objeto redondo, sólido, talvez um disco, flutuando numa expansão de água sem limites. Paralelo a essa massa de água, havia outra acima, igualmente infinita, da qual a água descia em forma de chuva através de orifícios e canais que furavam o reservatório celestial. A Lua, o Sol e outros astros estavam fixos numa estrutura curva que formava um arco sobre a Terra. Essa estrutura era o conhecido ‘firmamento’ (rāqîa‛) dos relatos sacerdotais.”
É claro que essa descrição não concorda com a Ciência moderna. Mas será que essa é uma avaliação correta do ensino bíblico sobre os céus? De modo algum. The International Standard Bible Encyclopaedia (Enciclopédia Bíblica Padrão Internacional) declara que descrições assim do Universo, do ponto de vista hebreu, “realmente se baseiam mais nas idéias prevalecentes na Europa durante a Era do Obscurantismo do que em quaisquer declarações reais do V[elho] T[estamento]”. De onde vinham essas idéias medievais? Como explica David C. Lindberg em The Beginnings of Western Science (O Princípio da Ciência Ocidental), baseavam-se principalmente na cosmologia do antigo filósofo grego Aristóteles, cujas obras eram a base da maior parte do aprendizado medieval.
Seria sem objetivo e perturbador se Deus tivesse fraseado a Bíblia em termos que só agradariam aos cientistas do século 20. Em vez de trazer fórmulas científicas, a Bíblia contém muitas ilustrações vívidas tiradas do cotidiano das pessoas que a escreveram: descrições poderosas até os dias de hoje. — Jó 38:8-38; Isaías 40:12-23.
Conhecimento duma fonte superior
É interessante, contudo, que algumas referências bíblicas realmente parecem refletir conhecimento científico que não estava disponível às pessoas que viviam na época. Jó descreve Deus como ‘estendendo o norte sobre o vazio, suspendendo a Terra sobre o nada’. (Jó 26:7) A idéia de a Terra estar suspensa “sobre o nada” era muito diferente dos mitos da maioria dos povos antigos, que achavam que ela ficava sobre elefantes ou tartarugas marinhas. A Lei mosaica tem regulamentos sobre higiene muito mais avançados do que o conhecimento médico de seu tempo. Sem dúvida, as regras sobre quarentena para pessoas que se suspeitava terem lepra e a proibição de se tocar em cadáveres salvaram a vida de muitos israelitas. (Levítico 13; Números 19:11-16) Em nítido contraste, as práticas médicas dos assírios são descritas como “uma mistura de religião, adivinhação e demonologia”, e incluíam tratamentos com fezes caninas e urina humana.
Como é de se esperar dum livro inspirado pelo Criador, a Bíblia contém informações cientificamente corretas bem à frente de seu tempo, embora ela nunca se concentre em explicações científicas que seriam sem sentido e confusas para as pessoas do passado. A Bíblia não tem nada que contradiga fatos científicos conhecidos. Por outro lado, ela tem muita coisa que discorda de teorias não-comprovadas, como a da evolução.

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