sexta-feira, 2 de março de 2012

Os cristãos devem ser pobres?

CERTA vez Jesus disse a um jovem e rico governante que ele precisava ir, vender todos os seus bens e dar o dinheiro aos pobres. O relato conta que o homem ficou triste com as palavras de Jesus e se afastou contristado, “pois tinha muitas propriedades”. Então Jesus disse aos seus discípulos: “Quão difícil será para os de dinheiro entrar no reino de Deus!” E acrescentou: “É mais fácil um camelo passar pelo orifício duma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus.” — Marcos 10:21-23; Mateus 19:24.
O que Jesus queria dizer com isso? Que a riqueza é incompatível com a adoração verdadeira? Que os cristãos devem se sentir culpados se tiverem dinheiro? Que Deus requer que levem uma vida austera em sentido material?
Deus acolhe “toda sorte de homens”
Nos tempos antigos, Deus não exigia dos israelitas que vivessem na pobreza. Considere o seguinte: depois de ocuparem os lotes distribuídos entre eles, dedicaram-se à agricultura e ao comércio para sustentar cada um a si mesmo e à sua família. Fatores tais como condições econômicas e climáticas, saúde ou o tino comercial que possuíssem, afetariam o sucesso de seus esforços. A Lei de Moisés orientava os israelitas a ser compassivos se alguém entrasse em apuros econômicos e ficasse pobre. (Levítico 25:35-40) Por outro lado, alguns tornaram-se ricos. Boaz, um homem de fé e integridade que veio a ser antepassado de Jesus Cristo, foi descrito como “homem poderoso em riqueza”. — Rute 2:1.
A situação ainda era a mesma no tempo em que Jesus viveu. Quando conversou com o homem mencionado no início do artigo, a intenção de Jesus não era promover o ascetismo. Em vez disso, ele estava ensinando uma importante lição. Do ponto de vista humano, poderia parecer impossível que alguém rico demonstrasse humildade e aceitasse o meio de salvação de Deus. Porém, Jesus disse: “Aos homens isto é impossível, mas a Deus todas as coisas são possíveis.” — Mateus 19:26.
A congregação cristã do primeiro século acolhia “toda sorte de homens”. (1 Timóteo 2:4) Isto incluía algumas pessoas ricas, outras com uma vida confortável e muitas que eram pobres. Alguns talvez tivessem acumulado riquezas antes de tornar-se cristãos. Em outros casos, circunstâncias favoráveis e bom critério nos negócios talvez os tenham enriquecido depois.
De modo similar, na atual fraternidade cristã encontramos pessoas de diversas situações econômicas. Todas se esforçam a seguir a orientação da Bíblia em questões financeiras, visto que o materialismo pode afetar tanto pobres como ricos. A lição que Jesus ensinou no caso do jovem governante rico serve de alerta a todos os cristãos com respeito à influência poderosa que o dinheiro e os bens podem exercer sobre a pessoa. — Marcos 4:19.
Uma advertência aos ricos
Ao passo que a Bíblia não condena a riqueza em si mesma, ela condena o amor ao dinheiro. O escritor bíblico Paulo disse: “O amor ao dinheiro é raiz de toda sorte de coisas prejudiciais.” Ele mencionou que, por deixarem de lado os interesses espirituais para tentar satisfazer o desejo de ficar ricos, alguns “foram desviados da fé e se traspassaram todo com muitas dores”. — 1 Timóteo 6:10.
É interessante que Paulo deu instruções específicas aos ricos. Ele disse: “Dá ordens aos que são ricos no atual sistema de coisas, que não sejam soberbos e que não baseiem a sua esperança nas riquezas incertas, mas em Deus, que nos fornece ricamente todas as coisas para o nosso usufruto.” (1 Timóteo 6:17) Evidentemente há o perigo de que os ricos se tornem orgulhosos e se sintam superiores aos outros. Além disso, talvez sejam levados a pensar que as riquezas podem oferecer segurança genuína — algo que só Deus é capaz de prover plenamente.
Os cristãos abastados podem resguardar-se desses perigos sendo “ricos em obras excelentes”. Essas obras incluem ser “liberais, prontos para partilhar”, ajudando generosamente os que passam necessidade. (1 Timóteo 6:18) Os cristãos — ricos e pobres — também podem usar parte de seus recursos para propagar as boas novas do Reino de Deus, o principal interesse dos verdadeiros cristãos na época atual. Tal espírito generoso revela uma atitude correta em relação aos bens materiais e faz com que a pessoa seja estimada por Jeová Deus e Jesus Cristo, que amam os dadores animados. — Mateus 24:14; Lucas 16:9; 2 Coríntios 9:7.
As coisas mais importantes
Fica claro, portanto, que não se requer dos cristãos que sejam pobres. Mas tampouco devem estar “resolvidos a ficar ricos”. (1 Timóteo 6:9) Eles simplesmente trabalham com diligência para ganhar o sustento razoável. Dependendo de diversos fatores e do sistema econômico no qual vivem, seus esforços alcançarão maior ou menor grau de sucesso. — Eclesiastes 11:6.
Seja qual for sua situação financeira, os cristãos devem se empenhar para se ‘certificar das coisas mais importantes’. (Filipenses 1:10) Se colocarem os valores espirituais em primeiro lugar, estarão ‘entesourando para si seguramente um alicerce excelente para o futuro, a fim de se apegarem firmemente à verdadeira vida’. — 1 Timóteo 6:19.

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